Com tanta chuva, os últimos meses de 2018 fizeram muita gente ter a impressão de que o ano foi bem chuvoso. Mas não foi só impressão, conforme dados meteorológicos. Em agosto, setembro, outubro e novembro deste ano, a quantidade de chuva que atingiu Mato Grosso do Sul foi acima da média histórica para o período, com exceção apenas da região Nordeste do Estado, onde não choveu tanto, conforme o Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec). Em dezembro, de acordo com a meteorologia, a previsão é de tenha mais água a partir da segunda quinzena.
Os últimos quatro meses foram de recordes de precipitação, tendo como base os dados disponíveis pelo Cemtec. Em agosto foram 1.100 milímetros a mais do que o esperado para o mês. No mês de outubro, a precipitação chegou a 2.500 milímetros, além do que previa a meteorologia. Em cidades como Juti e Caarapó choveu mais de 140% do esperado para outubro. Em novembro a chuva também não deu trégua. Foram 7.605 milímetros de precipitação, o maior valor para o período dos últimos cinco anos. No mês passado, foram registrados acúmulos de chuva acima da média histórica nas cidades da região Norte e Nordeste de MS.
Mas apesar dos sul-mato-grossenses conviverem com muita chuva neste ano, dados do Cemtec apontam que 2017 foi ainda mais chuvoso. Segundo o órgão, das 28 estações meteorológicas monitoradas, 17 registraram chuva acima da média em 2017, contra 15 nesse ano.
Últimos 10 anos
De acordo com levantamento feito pelo Cemtec, em 2008 choveu em todo o Estado abaixo da média histórica. A precipitação anual variou entre 400 a 1.200 milímetros. No ano seguinte, 2009, a situação foi inversa e a chuva superou o esperado para o ano em todos os municípios: entre 1.000 e 1.800 milímetros. De 2010 até 2017, a quantidade de chuva variou conforme a região do Estado, enquanto em algumas áreas choveu muito, em outras caiu pouca água.
Agricultura
Na agricultura, a chuva só causou danos na plantação de melancia. No restante das lavouras não foram registrados estragos. Com prejuízo avaliado em aproximadamente R$ 8 milhões, os produtores de melancia de Eldorado, no Sul do Estado, perderam 80% da safra devido à chuva frequente na região, que chegou a 500 milímetros só no mês de outubro. A previsão era colher, pelo menos, 18 mil toneladas de melancia em outubro, o equivalente à produção de um mil hectares de plantação existentes.
“Alguns produtores fazem o plantio da melancia em julho, para colher em outubro e novembro. Assim, plantando e colhendo fora de época, eles conseguem preços de venda mais alto”, explica o superintendente de Produção e Agricultura da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Rogério Bereta.
Apesar da quantidade de chuva que atingiu o Estado, neste ano, as plantações de soja e milho, as commodities que alavancam a economia de Mato Grosso do Sul, não sofreram prejuízos. “A soja e o milho não sofreram com a chuva. Mas tivemos um fator isolado em Bonito, com muita chuva localizada que provocou erosões nas lavouras de soja”, afirma Bereta. O superintendente lembra também que muitas estradas e pontes são destruídas com a água.
Brasil
Uma pesquisa divulgada pela organização ambiental alemã Germanwatch, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que está sendo realizado na Polônia, aponta que o Brasil subiu 10 posições no ranking que aponta os 168 países no mundo mais impactados por eventos climáticos extremos, como ciclones tropicais e tempestades, conforme matéria da Agência Brasil, publicada no último dia 5 de dezembro. Segundo o ranking “Índice Global de Risco Climático”, o País passou da 89ª para a 79ª posição.
O estudo da organização alemã aponta que entre 1998 e 2017, mais de 145 pessoas morreram no Brasil devido a eventos climáticos.
Já uma publicação do Jornal Folha de São Paulo, sobre a mesma pesquisa da Germanwatch, revelou que o Brasil está entre os 18 países que mais somam perdas econômicas decorrentes de desastres climáticos. Inundações e tempestades têm gerado perdas que ultrapassam os R$ 6 bilhões anualmente.
Fonte: Assessoria GOV MS