Com o aumento no número de novos casos de coronavírus em Campo Grande, o toque de recolher começa nesta sexta-feira (27) a partir da meia-noite. A medida pode contribuir para a frear os casos na Capital, já que as casas noturnas e boates terão que fechar mais cedo. Um estudo publicado na revista científica Nature mostra que o fechamento de locais como esses é uma da medidas com maior impacto para redução dos casos e queda na taxa de contágio da Covid-19.
Após a volta do toque de recolher em Campo Grande, alguns estabelecimentos já preveem o impacto. Uma conhecida casa noturna da Capital postou nas redes sociais uma nota de repúdio e indignação pela medida. “Mais uma vez o setor de eventos está sendo prejudicado e julgado como o único responsável pelo aumento de casos de Covid-19”, postou.
O infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) explica que locais como casas noturnas estão mais associados à transmissão porque não é possível manter o distanciamento entre as pessoas ou o uso de máscaras.
“Estes locais são muito favoráveis para a transmissão. Há um estudo que mostra claramente, que há um impacto enorme, que é importante que feche esses estabelecimentos que favorecem a aglomeração”, diz o pesquisador.
O infectologista ressalta que houve um aumento de cerca de 150% na média móvel de casos, em comparação com a média de 14 dias atrás. Somente entre os dias 15 e 21 de novembro, foram registrados 2.977 novos casos na macrorregião, o que equivale a uma média de 425 casos por dia ou 17,7 casos por hora. Para Croda, a volta do toque de recolher é importante, mas a restrição deveria começar mais cedo.
“O toque de recolher deveria começar às 22 horas. Começando à meia-noite já favorece bares, pubs e boates, porque as pessoas ainda vão se aglomerar. Há boates que querem fazer um horário alternativo e já anunciaram que vão abrir às 18 horas. Ou seja, o toque de recolher à meia-noite é importante, mas as pessoas ainda vão se aglomerar em outro horário”, pontua.
O estudo publicado na Nature aponta que o fechamento de locais com aglomeração é uma das medidas mais importantes. Segundo o estudo, as medidas com maiores impactos são: cancelamento de pequenas reuniões, fechamento de instituições de ensino e restrições na fronteira. Outras medidas com bom resultado são o cancelamento de aglomerações, como é o caso das casas noturnas, atividades de comunicação para informar e educar o público sobre o coronavírus e assistência governamental às populações vulneráveis.
Além do fechamento de casas noturnas e de eventos, o pesquisador da Fiocruz ressalta que é importante evitar reuniões, mesmo que pequenas. “Que evitem reuniões com mais de 10 pessoas, sem máscara e distanciamento. Devemos ficar atentos não somente ao comércio, mas principalmente em casa, nessa época do fim do ano, que muitas pessoas devem se reunir”, frisa.
Ainda segundo o estudo, medidas que não têm um resultado com tanto impacto são ações governamentais para fornecer ou receber ajuda internacional, medidas para aumentar a capacidade de teste ou melhorar a estratégia de detecção de casos (que pode levar a um aumento de casos em curto prazo), rastreamento e medidas de rastreamento.