A disputa pela presidência da Câmara Municipal de Campo Grande deverá se concentrar entre o atual ocupante do cargo, professor João Rocha (PSDB), e o segundo vereador mais votado da eleição do dia 15 de novembro, o atual primeiro secretário, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB).
De acordo com Carlão, ele sai na frente nesta disputa em relação aos seus adversários, em razão de que, dos 29 vereadores, 19 já assinaram um termo de consenso em apoio ao seu nome como mandatário do Parlamento Municipal nos próximos dois anos.
Ainda conforme o atual secretário da Mesa Diretora, desse grupo de 19, sete compõem a chapa que disputou o pleito com ele, e os outros 12 assinaram o compromisso. “Eu acredito na palavra das pessoas, todos que foram eleitos e reeleitos são homens e mulheres de família e devem cumprir com o compromisso firmado. Tento articular com todos dentro da Câmara, seja oposição ou situação, e por esse motivo acredito que meu nome seja consenso entre eles. Até meus possíveis adversários, como o professor João Rocha ou o [João César] Mattogrosso, eu estou articulando, pois acredito neste tipo de construção”, explicou
Guerra interna
Nos bastidores, os tucanos trabalhavam também com o nome do presidente municipal da sigla e vereador, João César Mattogrosso (PSDB), mas após uma falta de consenso, a indicação será do atual presidente. Conforme apurado pelo Correio do Estado, a presidência da Câmara ficaria com o PSDB, por conta do apoio na reeleição do prefeito Marcos Trad (PSD).
A sigla abdicou de lançar um nome e, consequentemente, favoreceu a atual gestão. Nesse contexto, o nome de Mattogrosso cresceu dentro da legenda, porém esse um possível racha interno acabou praticamente inviabilizando o nome do parlamentar.
No entanto, o vereador João Rocha descartou a hipótese de falta de consenso na sigla. Ele afirmou que seu nome foi escolhido pelos três parlamentares eleitos pelo partido neste ano. “Eu coloquei meu nome e entramos nesse acordo. Estou confiante na minha reeleição na presidência da Câmara, já que estamos fazendo um bom trabalho à frente deste cargo”, projetou.
Eleições
Experientes na política campo-grandense, os dois parlamentares avaliaram as mudanças ocorridas nas eleições em relação aos nomes que vão compor a Câmara Municipal. Das 29 cadeiras, 17 serão ocupadas por novos parlamentares. Para Carlão, esse processo já havia acontecido nas eleições de 2016 e pode ser natural para os próximos pleitos.
“Hoje o eleitorado está completamente diferente e quer ver o trabalho dos vereadores na ponta, não apenas em seus gabinetes e no plenário. Ou seja, com as redes sociais, eles [eleitores] estão mais exigentes e querem ver se, de fato, o parlamentar está fazendo algo que afete de forma positiva a vida deles. Portanto, esses sinais das urnas devem servir de alerta, tanto para nós, vereadores mais velhos, como para os de primeiro mandato”, analisou.
Já o professor João Rocha acredita que esse tipo de renovação faz parte da democracia e não é consequência de o eleitorado estar ou não descontente com atual legislatura. “Simplesmente a voz do povo foi ouvida, e esse fato faz parte do jogo democrático. Isso não quer dizer que os parlamentares que saíram não tinham um bom trabalho, pois, como presidente da Casa de Leis, pude observar que todos tiveram uma postura de muito trabalho técnico. Atual legislatura foi uma das mais importantes da nossa história, pois aprovou leis importantes, bem como enfrentou a pandemia do novo coronavírus [Covid-19]”, ponderou.
A eleição que definirá a presidência da Câmara Municipal da Capital será realizada no dia 1º de janeiro de 2021. No entanto, em razão da pandemia de Covid-19, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) ainda não definiu o local em que a diplomação de prefeito, vice e vereadores ocorrerá. Definido este local, tudo indica que a sessão será realizada no mesmo espaço.