Creche onde crianças foram torturadas e dopadas tinha slogan ‘carinhoso’ em Naviraí

Na creche onde crianças eram agredidas, torturadas e dopadas em Naviraí, a 352 quilômetros de Campo Grande, o slogan enganava quem procurava um cantinho confortável, pois a principal frase nas artes das redes sociais era “seu bem mais precioso em boas mãos”.

No entanto, durante a terça-feira (11), a proprietária e também funcionária, de 30 anos, e a cuidadora, de 26 anos, foram presas em flagrante pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem a perigo pela Polícia Civil.

A creche estava localizada no bairro Sol Nascente. A proprietária usava grupos e as redes sociais para divulgar os serviços e atrair novos pais com o intuito de deixarem seus filhos para serem cuidados.

Em outro trecho que levava a divulgação da sua creche, a proprietária utiliza frases de efeito como “cuidamos com amor, carinho e disciplina”. Ela se dizia experiente na área de cuidadora e mostrou como funcionaria as coisas na creche.

“Local amplo, confortável e seguro, com vários brinquedos educativos, atividades com tinta, massa de modelar, entre outras”.

Investigação minuciosa

No entanto, o local servia como um local de agressões e torturas contra crianças e bebês. Isso gerou uma investigação minuciosa da polícia, que chegou a colocar câmeras de monitoramento para flagrar as agressões em tempo real e conseguir prender as suspeitas.

O principal momento que levou a prisão das duas integrantes foi na manhã de segunda-feira, quando a proprietária, que também atuava como cuidadora, agrediu uma bebê, de 11 meses. A criança havia saído do travesseiro em que estava e a suspeita, pegou a vítima e a jogou de forma bruta no local onde ela estava.

Em seguida a bebê voltou a chorar, possivelmente por estar incomodada por fome, necessidade de trocar ou por estar cansada de ficar no mesmo lugar por muito tempo, momento em que a investigada novamente a pegou e jogou no colchão e também desferiu alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro.

Conforme divulgado pela polícia, as câmeras captavam os áudios e foi possível observar que a mulher chamava a criança de sem vergonha e dizia que quando as crianças começassem a andar, estavam lascadas. Cabe ressaltar que para instalar os objetos na creche, a Polícia Civil representou pela medida de interceptação e captação ambiental no referido estabelecimento, tendo o pedido aceito.

A equipe de investigadores estranhou o fato da bebê não se levantar do colchão e permanecer no local por horas, sem se arrastar, engatinhar ou andar, aparentando estar sob efeito de algum medicamento, pois seria normal que um bebê com 11 meses fosse agitado.