Taxistas e motoristas de app ocupam Esplanada em dia de votação no Senado

Taxistas estão com os carros estacionados ao longo do canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, desde a noite de segunda-feira (30) em manifestação pela aprovação do projeto de lei que regulamenta o serviço de transporte por aplicativos de celular. O PL está na pauta do Senado desta terça-feira (31). Motoristas de aplicativos como Uber e Cabify também estão no local, mas no sentido oposto, desde a madrugada.

Por volta das 12h30, havia cerca de 4 mil taxistas de 15 estados no gramado central, segundo o coordenador da ação, Ismael Nogueira, motorista da cooperativa Vermelho e Branco, de São Paulo. “O pessoal de Macapá fez quatro dias de viagem pra chegar aqui.”

Taxistas de 15 estados se reúnem no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pela aprovação do PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Taxistas de 15 estados se reúnem no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pela aprovação do PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Para Nogueira, a aprovação do PL vai garantir uma concorrência favorável. “Está havendo troca de valores, porque o PL atende tanto o taxista quanto o motorista por aplicativo”, disse. “Hoje, só ele que lucra.”

“Eu acredito no bom senso. O projeto já foi afinado, os parlamentares já se debruçaram. Queremos [aprovação] na íntegra, para que não volte para a Câmara.”

“Eles estando bem, nós estamos bem também.”

Taxistas instalaram placas no gramado central da Esplanada dos Ministérios, em apoio ao PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Taxistas instalaram placas no gramado central da Esplanada dos Ministérios, em apoio ao PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Motoristas de aplicativos fazem protesto no gramado central da Esplanada dos Ministério contra PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Motoristas de aplicativos fazem protesto no gramado central da Esplanada dos Ministério contra PL 28/2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)

Outro motorista, considerado um dos primeiros a aderir ao serviço no DF, Alexandre Rocha, disse ao G1 que a regulamentação sancionada pelo governo local em agosto do ano passado já é suficiente e poderia servir de base para um plano nacional. “Do jeito que está, a gente não é refém das empresas, mas vai ficar refém do Estado.”

“Dizem que nós não queremos pagar imposto, mas é mentira. Nós pagamos 1% sobre cada corrida que fazemos. Ainda prestamos contas à Secretaria de Mobilidade.”

Motoristas por aplicativo de celular protestam na Esplanada dos Ministério contra projeto de lei nº 28/2017 (Foto: TV Globo/Reprodução)

Motoristas por aplicativo de celular protestam na Esplanada dos Ministério contra projeto de lei nº 28/2017 (Foto: TV Globo/Reprodução)

A proposta, aprovada em abril pela Câmara dos Deputados, determina que o serviço de transporte por meio de aplicativos respeite uma série de exigências, como vistorias periódicas nos veículos de transporte privado, idade mínima para os condutores e “ficha limpa” dos motoristas. Além disso, os carros deverão ter placa vermelhas e rodar com base em licença específica.

Na última semana, os senadores aprovaram urgência, para que a proposta fosse analisada com prioridade. O texto é defendido por taxistas, que apontam concorrência desleal. Eles também afirmam que a não regulamentação dos aplicativos “não é segura para os usuários”.

As empresas responsáveis pelos aplicativos, porém, afirmam que a proposta “inviabiliza o trabalho”. Para as empresas, o texto representa uma “proibição velada” a serviços como Uber e Cabify.

Motoristas por aplicativo de celular protestam na Esplanada dos Ministério contra projeto de lei nº 28/2017 (Foto: TV Globo/Reprodução)

Motoristas por aplicativo de celular protestam na Esplanada dos Ministério contra projeto de lei nº 28/2017 (Foto: TV Globo/Reprodução)

O projeto

De autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o texto foi aprovado na Câmara em abril.

Senadores ouvidos pelo G1 afirmam que deverão promover mudanças no texto. A estratégia em plenário será modificar o projeto com emendas de redação, o que permitirá alterações no texto sem que seja necessária a devolução do projeto para a Câmara.

Apps x táxis

Motoristas de apps e taxistas enfileiram carros ao longo da Esplanada dos Ministérios em dia de votação do PL nº 28/2017 no Senado (Foto: TV Globo/Reprodução)

Motoristas de apps e taxistas enfileiram carros ao longo da Esplanada dos Ministérios em dia de votação do PL nº 28/2017 no Senado (Foto: TV Globo/Reprodução)

De acordo com empresas de aplicativos como Uber e Cabify, o principal item do projeto que inviabiliza o funcionamento do serviço é a necessidade de licença para motoristas, concedida pelas prefeituras dos municípios. Esse ponto, porém, não deverá fazer parte do acordo com a Casa Civil para que seja vetado.

Segundo o Uber, o projeto é uma “proibição disfarçada” e abre a possibilidade de “restrições arbitrárias” no número de autorizações municipais, o que, segundo as empresas, deverá prejudicar o serviço.

Já os taxistas querem a aprovação do texto na íntegra. Segundo o Sindicato dos Taxistas de São Paulo, o projeto “não inviabiliza o serviço realizado por aplicativos”, mas “direciona para uma regulamentação de acordo com as diretrizes de cada município”.

O presidente do sindicato, Natalício Bezerra, diz ser necessário “enfrentar” essa questão porque os aplicativos “atuam na ilegalidade com uma concorrência desleal sem oferecer segurança aos usuários”.