PF aponta ligação entre Marun e fraudes no Ministério do Trabalho

O ministro da Secretaria de Governo, deputado federal Carlos Marun (MDB/MS) entrou na mira de investigadores da Polícia Federal na operação Registro Espúrio, que apura a suposta ação de uma organização criminosa especializada em fraudar registros sindicais no Ministério do Trabalho.

De acordo com o Campo Grande News, materiais levantados na ação sugerem intervenção do ministro em pedidos envolvendo sindicatos e cooperativas de Mato Grosso do Sul.

Apesar do pedido da PF, a Procuradoria-Geral da República entendeu não haver indícios nesse momento de que o assessor do presidente Michel Temer teve participação no esquema.

As suspeitas sobre Marun foram relatadas em despacho do STF (Supremo Tribunal Federal) de sexta-feira (29), assinado pelo ministro Edson Fachin e que culminou no afastamento do ministro Helton Yomura (Trabalho).

O relator concordou com a PGR, mas pontuou trechos das apurações que indicam suspeitas contra Marun.

Entre os materiais apreendidos na Registro Espúrio, como mensagens de celular, haveria provas sustentando que Marun “se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades [sindicais] de seu interesse”.

Ainda conforme o Campo Grande News, as investigações citam que, em 23 de maio deste ano, Júlio de Souza Bernardo (o Júlio Canelinha, chefe de Gabinete do ministro do Trabalho) enviou mensagem a Araújo Júnior pedindo despacho no Diário Oficial da União a ser revertido para atender a pedido de Marun.

No despacho, foi retirado o termo “Cooperativas” do Sintrael (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Carnes de Derivados, Indústrias da Alimentação) de São Gabriel do Oeste –a 140 km de Campo Grande–, excluindo ainda o município da base de atuação do Sintracoop-MS (Sindicato Estadual dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas de Mato Grosso do Sul).

Mensagem de Yomura a auxiliares afirma que a decisão atendia interesses do Solidariedade em Santa Catarina, mas desagradara Marun. O tema voltou a ser discutido no dia 25 daquele mês, sugerindo que houve cobrança para que Canelinha desse “celeridade nos processos de interesse do ministro Marun, pressionando Renato a priorizar tais processos”, destaca o relatório, indicando haver influência de “interesses políticos” na concessão de registros sindicais.

Em entrevista coletiva realizada há pouco em Brasília (DF), Carlos Marun negou qualquer participação nessas ações e afirmou que a intenção dessas investigações seriam de ‘denegrir a sua honra’. Ele também acusou setores de abuso de autoridade – deixando claro o recado para a Polícia Federal.

“Denegrir a minha honra e constranger meus familiares, fui alertado que poderia ser alvo de retaliações [por questionar algumas ações policiais], por isso continuo firmemente ao lado daqueles que entendem que o abuso de autoridade nesse país tem que ser punido. Se fizeram isso pensando que iriam me assustar, se enganaram”, relatou.

Foto: Dourados News