A alta cúpula do PSDB em Mato Grosso do Sul trata a prisão do ex-governador André Puccinelli (MDB), ocorrida na manhã de sexta-feira (20), com cautela.
Ninguém no partido comemorou a decisão judicial que mandou de volta para a cadeia o principal adversário do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
O presidente regional do PSDB, deputado estadual Beto Pereira, preferiu não se manifestar a respeito do episódio que pode mudar completamente o cenário eleitoral em Mato Grosso do Sul, vindo a polarizar uma disputa que tinha tudo para ser pulverizada, incluindo a participação de outros partidos, como PDT e do PT.
A leitura que os tucanos fazem é que a eleição deste ano tem tudo para ser decidida em segundo turno e eles podem contar com o apoio do MDB, que apesar da prisão de André, conta com lideranças importante no grupo, como os senadores Waldemir Moka e Simone Tebet, além dos deputados estaduais que, aliás, integram a base aliada do governo na Assembleia Legislativa.
Caso André fique mesmo fora da disputa, o principal adversário de Reinaldo passa a ser o PDT, que oficializou a candidatura do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira neste sábado, durante convenção no diretório regional do partido.
O governador também terá como adversário na campanha eleitoral deste ano o PT, que lançou o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci, tendo como candidato ao Senado o deputado federal Zeca do PT.
Antes de o MDB decidir pelo lançamento de candidatura própria, o presidente da Assembleia, deputado Júnior Mochi trabalhou forte nos bastidores na tentativa de reaproximar o seu partido do PSDB.
Há dias, André Puccinelli se encontrou com Reinaldo na casa de um conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) a fim de discutir uma possível aliança.
Como ninguém está disposto a abrir mão da cabeça de chapa, o acordo não prosperou, conforme confidenciaram interlocutores do governo.
PRISÃO
Após a prisão na manhã de sexta-feira (20) em um desdobramento da Operação Lama Asfáltica da Polícia Federal, André Puccinelli e seu filho, André Puccinelli Júnior, foram levados para o Centro de Triagem, no Complexo Penitenciário de Campo Grande. Já o advogado João Paulo Calves, que também foi detido na mesma ação, foi transferido para o Presídio Militar.
Os três são réus por lavagem e desvio de dinheiro e já tinham sido presos pela PF em 2017 na Operação Lama Asfáltica. Eles conseguiram a liberação no dia seguinte.
As prisões de sexta foram determinadas, conforme a polícia, por conta de novas provas envolvendo a Ícone, empresa de cursos jurídicos de Puccinelli Júnior.
Os mandados foram deferidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande a pedido do Ministério Público Federal, com base em uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em maio de 2018, que determinou a prisão de outros oito réus do mesmo caso.
De acordo com a PF, entre as novas provas contra os réus estão repasses da JBS à Ícone. Segundo delator, a JBS pagou R$ 1,2 milhão à empresa de Puccinelli Júnior. A polícia também juntou ao processo análises de materiais apreendidos no Instituto Ícone.
Fonte: Conjuntura Online
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