O Primeiro Comando da Capital (PPC), facção criminosa que controla o tráfico de armas e drogas na fronteira do Estado com Paraguai e Bolívia, alugava casas no valor de R$ 5 mil reais com cama box, piscina e com direito a funcionários para abrigar familiares de presos e colaboradores da facção que vinham visitar os detentos no presidio federal de Campo Grande. A interceptação de bilhetes dentro do presidio federal de Campo Grande levou a Polícia Federal (PF) juntamente com o Departamento Penitenciário Federal (DPF) a cumprir seis mandados de busca e apreensão em casas que serviriam de apoio a facção em casas em vários bairros de Campo Grande.
“Nós cumprimos mandato nas seis residências e encontramos na maior que tinha piscina seis mulheres com crianças que eram parentes de detentos.Lá tinha até piscineiro contratado para cuidar do local para dar conforte aos visitantes”, explica o delegado Alan Givigi da delegacia de Repressão ao Tráfico de armas e Patrimônio Público da PF.
Segundo o delegado, os bilhetes foram interceptados pelos agentes da Depen em janeiro deste ano e continha informações para que fosse autorizado a morte de agentes públicos. Diante disso, em ação conjunta foi deflagrada operação (KRIMOJ) é a tradução da palavra CRIMES em Esperanto, em alusão aos diversos crimes praticados pelas facções criminosas e também pelo fato de as casas de apoio serem mantidas para a troca de informações entre os membros das facções. A ação contou com 30 policiais federais e 15 agentes federais.
Ele explica que as investigações tiveram início em fevereiro deste ano, quando bilhetes com ameaças de morte a servidores públicos federais, oriundos de membros do “Primeiro Comando da Capital” (PCC), foram interceptados na Penitenciária Federal de Campo Grande/MS. A investigação, iniciada a partir das ameaças, revelou uma rede de casas de apoio a integrantes de facções criminosas instaladas na Capital do Mato Grosso do Sul, onde podem estar armazenadas informações sobre a atuação destas facções. Além do PCC, durante as investigações, também foram identificadas casas de apoio a outros grupos criminosos, como “Família do Norte” (FDN) e “Comando Vermelho” (CV).
Os policiais federais cumpriram mandado de apreensão em uma casa localizada na Rua Manoel Proença, no bairro Bandeirantes, no local tinha seis mulheres e várias crianças. Na mansão que tinha piscina, camas box, beliches e até funcionários para cuidar da casa, os policiais apreenderam celulares, mídias digitais e documentos. No local poderia abrigar até 20 pessoas. Na segunda casa localizada na Rua dos Carajás, no Jardim Leblon foram encontradas duas pessoas e apreendidos também celulares e documentos e poderia abrigara até 10 pessoas. No Jardim Parati, no Village Parati, localizada na Rua da Divisão, os detentos tinham duas casas de apoio, onde foi encontrado três pessoas, sendo um em uma casa e duas na outra residência. O outro local que a Polícia Federal esteve foi na Rua Marques de Recifes, no Jardim Leblon, onde foi encontrado mais duas pessoas e mais materiais digitais foram apreendidos. “Na hora que estávamos cumprindo o mandado estava chegando uma parente de um detento que vinha do Ceará. Todas as pessoas que encontramos nas casas vão ser ouvidas e as pessoas que alugaram as casas vão ser chamadas para depor”, explica Alan Givigi.
Alan Givigi explica que toda a passagem aérea, estadia da família dos detentos que são “torres” -chefes de facção- eram pagos pelo PCC. As casas de apoio são mantidas pelas facções, as quais financiam os custos com aluguéis, verbas para manutenção dos imóveis, passagens aéreas para os ocupantes de outros Estados, entre outros valores de custeio dos locais.
O superintende da PF, Cleo Mazzotti, o problema não é a casa de apoio para familiares dos detentos e sim a casa ser usada para trocar informações para logística e planejamento de homicídio de agentes públicos.
Detentos
A PF com a Depen já identificou que seis internos estavam envolvidos na troca de bilhetes que levou a operação KRIMOJ. Os internos antes de fevereiro poderiam receber visitas sociais e intimas fato este que facilitava a troca de bilhetes e informações. A partir de 13 de fevereiro, os internos da Depen só podem falar com familiares e advogados ou pessoas autorizadas pelo presidio no parlatório que é uma sala onde os internos não tem contato físico com os visitantes. Para tentar driblar essa situação, os presos falam por código ou usam bilhetes muito pequenos para tentar trocar informações entre os próprios detentos para posteriormente por código falar o que os colaboradores da facção deveriam fazer. “O Presidio Federal abriga 208 detentos em celas individuais e só tem duas horas de contato com os outros detentos onde ele usa microbilhetes para passar informações entre sim’, explica Marcelo Silva, Diretor em Exercício da Penitenciaria Federal em Campo Grande.
Fonte: Correiodoestado
Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado