Real Madrid e Barcelona nunca foi apenas um jogo de futebol. O sempre clichê ‘Superclássico’, desta vez, se justifica pela rivalidade dentro de campo, mas também pela questão política. A partida deste sábado (23), no Santiago Bernabéu, teve reforçado os sentimentos extracampo pela recusa de uma homenagem dos catalães ao time da capital.
Ainda no início da semana do clássico, o Barcelona anunciou que não fará o tradicional ‘El Pasillo’, um corredor de aplausos enquanto os jogadores do time adversário entram em campo, logo após a conquista de um título do rival.
A justificativa oficial é esportiva; por outro lado, questões políticas logo foram levantadas. Em outubro, a Catalunha declarou independência unilateral da Espanha, mas logo Madri aprovou a suspensão da autonomia regional.
Hoje diretor de relações internacionais do Barcelona, o ex-jogador Guillermo Amor, tratou de explicar que a recusa nada tem a ver com a política. Ainda assim, os mais críticos entendem que este seria pelo menos um gesto de união, dois dias depois em que os independentistas saíram vitoriosos na eleição parlamentar.
“O Pasillo neste clube só é feito quando participamos do torneio em que a outra equipe foi campeã. E agora não é o caso [o Real Madrid venceu o Mundial de Clubes no último sábado]”, disse o hoje dirigente Guillermo Amor, formado nas categorias de base do clube, que jogou na equipe principal de 1988 até 2000.
Vice-presidente da Penya Barcelonista de São Paulo, o catalão Ferran Royo deu a real dimensão do que é para o Barcelona aplaudir o Real Madrid:
“Para nós é pior do que ir ao dentista”, disse o empresário, que está há 15 anos no Brasil e brinca com o próprio sotaque. “Os clássicos sempre são apaixonantes. É muito mais que um jogo. Há paixões políticas e que estão muito evidentes nestes confronto. Uma vitória dá uma sensação tripla.”
A mesma ideia foi usada para não aplaudir o time da capital na Supercopa da Espanha, pelo título da Supercopa da Europa, quando derrotou o Manchester United, em agosto. O último El Pasillo inclusive completou uma década neste ano. Em 7 de maio de 2008, o Barcelona homenageou o Real Madrid pelo título do Campeonato Espanhol, conquistado exatamente na rodada anterior.
Depois de tanto tempo, apenas Lionel Messi, Sergio Ramos e Marcelo são os únicos que já experimentaram o corredor de aplausos. O próprio Cristiano Ronaldo, atual ícone da equipe merengue, nunca viu um Pasillo e se divertiu com a possível homenagem:
“Seria bonito, gostaria que o Barça fizesse o pasillo”, limitou-se a dizer o craque.
Torcedor do Real Madrid, o jornalista Enrique Paiva entende o lado adversário de “preservar a rivalidade”:
“Acredito que o fato de o Barcelona não fazer o Pasillo está muito ligado a duas coisas: ser no Santiago Bernabéu, talvez se fosse no Camp Nou isso aconteceria (talvez); e também porque qualquer coisa pode ser argumento pra uma discussão de quem é melhor. Isso com certeza seria usado, tipo: ‘saúdem os campeões, o qual vocês não são’”, disse o torcedor do Real.
Real Madrid e Barcelona se enfrentam pela 17ª rodada do Campeonato Espanhol. O Barça lidera a competição com 42 pontos, 11 a mais que o quarto colocado Real Madrid.
Fonte: r7.com