Na nova Rua 14 de Julho, pedestres são prioridade

A nova Rua 14 de Julho, já foi entregue e agora, após quase 1 ano e seis meses de obras, a população terá que se adaptar à nova rotina do caminho, que tem como conceito ‘via calma’. Esta remodelagem prioriza o pedestre e não mais os carros, tanto que no projeto as calçadas ganharam mais espaço e a rua passou a ter  apenas duas pistas para o tráfego de veículos.

A aposentada Rosa Maria, 69 anos, mora no Bairro Silvia Regina, mas com a reforma da Rua 14 de Julho afirma que passearia no centro com filhos e netos. “As mudanças que fizeram foram muito boas. Antes era muito tumultuado, os ambulantes tomavam conta de toda a calçada. Agora tem espaço”.

Um dos pontos principais de adaptação fica para os motoristas, que precisam se acostumar às novas regras de estacionamento e passagem na via. A partir da Avenida Afonso Pena até a Rua Marechal Rondon, as alças ao longo da rua são somente para embarque e desembarque de passageiros. Mas, ontem a tarde, a reportagem do Correio do Estado flagrou carros e motos estacionados em todos os espaços no local.

“Já tem muita gente fazendo isso”, confirmou o chefe de fiscalização de trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Carlos Guarini. Ele afirmou que a pasta já está fiscalizando os casos e vai aplicar as medidas cabíveis.
“Não é para estacionar lá. Em um primeiro momento nós autuamos, mas num segundo momento nós vamos fazer a retirada do veículo”, alertou Guarini. 

Segundo ele, a infração é considerada grave e a multa é de R$ 195,26 e penalidade de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo cabível também a retirada do veículo estacionado. “Guarda Municipal, PM [Polícia Militar] e Agetran. Todos esses órgãos estão habilitados a fiscalizar e autuar”, enfatizou.

PEDESTRES

Outro ponto observado pelo Correio do Estado foi a travessia de pessoas fora da faixa de pedestres. De acordo com o artigo 254 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), atravessar fora da faixa é considerado infração leve e uma multa pode ser aplicada, ou seja, apesar da Rua 14 de Julho priorizar aquele que caminha a pé, ainda é preciso respeitar as leis que regem o trânsito.

Em aproximadamente sete minutos, a reportagem contou seis pessoas atravessando fora da faixa, inclusive entre carros que passavam. 

A mudança principal do trecho é o conceito de ‘via calma’ e segundo a coordenadora da Central de Projetos da Capital, Catiana Sabadin, a rua agora serve como destino final e não mais como via de passagem. “A 14 é uma via de trânsito lento. O trânsito de passagem deve ser absorvido pela Padre João Crippa, que já foi recapeada”.

Outras vias que podem servir de alternativa são a Avenida Ernesto Geisel e a Rua Rui Barbosa, porém esta última recebeu o fluxo de transporte público que passava pela Rua 14 de Julho e está com movimento intenso de ônibus.

Também observado pela reportagem, os semáforos ainda estão sem sincronização. A equipe percorreu a via desde a esquina da Avenida Fernando Corrêa da Costa até a Antônio Maria Coelho e parou no sinal vermelho em todos os cruzamentos.

O percurso foi feito fora do horário de pico e não havia grande fluxo de veículos.

O GPS aponta que o trajeto deveria ser feito em oito minutos, mas durou o dobro, 10 minutos e 22 segundos, precisamente para 1,2 quilômetro, a partir da Rua 7 de Setembro até a Avenida Mato Grosso.

“Uma sincronização seria bom”, disse o vendedor Paulo Henrique Rodrigues Lima, 26 anos. Ele trabalha na Rua 14 de Julho e vai ao Centro ora de ônibus, ora de carro. Para ele, ainda faltam alguns detalhes para dizer que a via foi definitivamente entregue e o tempo dos semáforos é um deles. “Além disso, o pessoal ainda está se acostumando. Tem local que é só para embarque e desembarque, mas que os motoristas estão parando e deixando os carros no local”, observou.

MUDANÇAS

As mudanças no trânsito também englobam a conversão à esquerda na via para quem transita de carro pela Avenida Afonso Pena, que foi proibida. O mesmo poderá ocorrer futuramente em outras vias de mão dupla, como Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso. 

A lei de uso e ocupação do solo também já está sendo revista para adaptar-se à Rua 14 de Julho. Os horários de carga e descarga de mercadorias serão fiscalizados com mais rigor e, futuramente, passarão por transformação. Só poderão circular na via (nos horários permitidos) caminhões pequenos com dois eixos e, no máximo, 12 toneladas.