Deputados estaduais de Mato Grosso do Sul passaram boa parte da sessão desta terça-feira debatendo carta assinada ontem por grupo de 20 governadores – entre eles, Reinaldo Azambuja (PSDB). Os parlamentares endossaram as críticas direcionadas no documento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Líder tucano na Casa, Rinaldo Modesto disse que “Bolsonaro precisa falar menos e só trabalhar, pois seria melhor para o Brasil”. O deputado opinou que o presidente coloca governadores contra a população ao desafiar os Executivos estaduais a reduzir impostos. Para Modesto, Bolsonaro “não pode usar a presidência como palanque, ele já tem três filhos para ajudar com isso”.
Para Marcio Fernandes (MDB), Bolsonaro “não pode pedir que governadores baixem impostos sem apresentar alternativas para de arrecadação”.
Já Evander Vendramini (PP) foi mais contido nas críticas. O parlamentar reconhece “destemperos e exageros” do chefe do Executivo federal, mas também relativiza: “era um presidente necessário nesse momento, depois dos governos do PT”.
Fiel escudeiro do presidente, Carlos Alberto David (PSL) desviou das críticas: “Bolsonaro foi eleito democraticamente e respeita a democracia”, declarou.
Carta – Publicada nesta segunda-feira (17), carta dos governadores pede diálogo com o governo federal sobre pautas de interesse da sociedade e comenta declarações recentes de Jair Bolsonaro.
O grupo também convida o presidente para reunião do Fórum Nacional de Governadores, prevista para 14 de abril.
O documento detalha que “recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro confrontando governadores, ora envolvendo a necessidade de reforma tributária, sem expressamente abordar o tema, mas apenas desafiando governadores a reduzir impostos vitais para a sobrevivência dos estados, ora se antecipando a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta das polícias e seus governadores, não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”.
As linhas confrontam falas de Bolsonaro desafiando governadores e reduzir alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis – uma das maiores fontes de arrecadação dos cofres estaduais.
A carta também rebate acusação feita por Bolsonaro ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), em que responsabiliza o petista pela morte do miliciano Adriano da Nóbrega.
O presidente classificou o caso como “provável execução sumária” para queima de arquivo e falou que a “polícia do PT” não preservou “a vida de um foragido”.
“É preciso observar os limites institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem. Equilíbrio, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de nós”, pontuam governadores na carta.
Além de Azambuja, assinam o documento: Gladson Cameli (Acre), Renan Filho (Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Renato Casagrande (Espírito Santo), Flávio Dino (Maranhão), Romeu Zema (Minas Gerais), Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria (São Paulo) e Belivaldo Chagas (Sergipe).