Na manhã deste domingo (22) o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, acompanhado do secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, participaram de videoconferência com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro, para discutir ações de enfrentamento ao Coronavírus (Covid-19), com gestores de todas as capitais do País. Medidas adotadas pelo município, como a proibição da interrupção do serviço de abastecimento de água por 60 dias, a restrição do uso do transporte coletivo somente a profissionais de saúde, fornecimento de kit-merenda aos alunos de baixa renda e o decreto proibindo a aglomeração em bares e conveniências, além da circulação de pessoas depois das 22h, foram citadas como exemplo para outros estados e municípios.
Durante o diálogo convocado pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), o prefeito Marquinhos Trad, destacou que todas as medidas preventivas e restritivas estão sendo feitas de maneira responsável, considerando a necessidade de frear a disseminação da doença. Em Campo Grande 19 casos foram confirmado e outros 28 estão em investigação aguardando resultado laboratorial.
“Tudo é novo para nós. Não esperávamos passar por um momento como esse de extrema dificuldade. Onde a falta de leitos e a questão financeira nos preocupam muito. É um desafio para nós gestores e para as pessoas que precisam se adaptar e devem permanecer em isolamento pelos próximos 15, 20 dias. É um momento que exige muita reflexão e medidas que podem parecer exageradas, mas que são necessárias. É preciso lembrar que tudo está sendo feito de maneira coerente e técnica”, esclarece.
Marquinhos lembrou que no caso do fornecimento de água, por exemplo, além da concessionária não poder suspender o serviço por falta de pagamento, o contribuinte poderá parcelar os débitos acumulados em até 36 vezes sem juros.
“É preciso esclarecer que nós não estamos incentivando a inadimplência. Essa é uma possibilidade para aqueles que eventualmente não tiverem condições de continuarem pagando suas contas em dia. Sabemos que neste momento muitas empresas tiveram que reduzir os seus quadros de funcionários e sem renda esse cidadão não tem como manter o pagamento de serviços essenciais, como a água, por exemplo”, completou.
O ministro Luiz Henrique Mandetta elogiou a maneira que o município vem conduzindo as ações de enfrentamento ao Covid-19 até o momento, com destaque para a suspensão do transporte coletivo para a população, exceto para os profissionais de saúde.
“É uma medida corajosa tomada pelo prefeito (Marquinhos Trad) e que certamente é muito importante neste momento, sabendo que os terminais e coletivos concentram um número muito grande de pessoas”, disse.
O prefeito justificou que a medida foi necessária diante da necessidade de reduzir a circulação das pessoas, considerando que mesmo com a suspensão da gratuidade de 80 mil idosos e estudantes, e medidas como o fechamento de shoppings, bancos, camelódromo, academias, casas noturnas, não tiraram as pessoas das ruas.
Uma das preocupações colocadas pelo secretário José Mauro Filho durante a conversa é sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) pelos profissionais. Recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica sugerindo a utilização de máscaras de pano e reutilizáveis pelos profissionais de saúde e população em geral, o que seria uma alternativa a faltas de materiais específicos, como a máscara N95, por exemplo.
O ministro esclareceu que nos próximos dias o ministério deve publicar uma portaria atualizando as informações e recomendações sobre uso adequado de EPIs. Conforme o ministro, a pasta está buscando abastecer os estados e município com materiais e insumos e, diante da necessidade, também está estudando possibilidades.
Outro ponto levantado pelo secretário é a busca de refugio na zona rural de Campo Grande, como medida de isolamento. “Temos muitas pessoas que possuem propriedades na zona rural da Capital ou de municípios próximos, nesse momento existe alguma recomendação neste sentido?”, questionou.
O ministro esclareceu que a medida pode ser eficaz, porém há algumas ressalvas, pelo fato de muitos municípios do interior não possuírem estrutura de saúde adequada e o isolamento em locais distantes provocar uma busca desenfreada por alimentos nos supermercados e estocagem desnecessária.
Pedidos
Entre as propostas apresentadas pela FNP durante a videoconferência está a instalação imediata de um Comitê Interfederativo de gestão de crise, transversal, para gerir a crise instalada pela pandemia do coronavírus. Defendemos a participação das três instâncias do executivo (prefeitos, governadores e Governo Federal). Este espaço de articulação federativa permanente, com troca de informações e compartilhamento de decisões, certamente propiciará ações mais eficazes e harmônicas para o país, respeitando-se as competências institucionais e legais. Propomos que as reuniões sejam virtuais e ocorram duas vezes por semana.
Outro ponto destacado é o apoio aos municípios com disponibilização de recursos e que a sua distribuição leve em consideração a prevalência do número de pacientes infectados e a estrutura médico hospitalar disponível nos municípios. Será nas regiões metropolitanas e nas cidades polos, ou seja, nas médias, grandes cidades e capitais, que de fato ocorrerá o atendimento mais oneroso. O aumento significativo da evolução do número de casos de contaminação tem se mostrado maior nas grandes cidades.