Além de proteger o usuário da contaminação, a máscara também protege a família e todos aqueles que estão ao redor. A chance de contágio diminui quando utilizamos a máscara corretamente por ser uma barreira que impede que o vírus chegue até o nariz e a boca. E é sempre bom lembrar que muitos portadores do coronavírus não apresentam sintomas. Ou seja, você pode ser um transmissor ou estar ao lado de alguém que pode transmitir o vírus, mesmo sem saber. São os chamados assintomáticos.
Se observarmos o Japão, por exemplo, há gerações eles usam máscara para proteger os outros, inclusive quando têm um simples resfriado. De modo que, além de esperar esta vacina mágica, é necessária uma mudança de conduta em grande escala. Para o virologista e pesquisador belga Peter Piot, que passou os últimos 40 anos seguindo a pista de diferentes vírus para combatê-los, será preciso adotar o uso de máscara a médio e longo prazo.
No entanto, e mesmo diante das evidências científicas, muitas pessoas ainda se recusam a usar o equipamento. Alguns alegam incômodo, outros dizem que sentem falta de ar e há aqueles que simplesmente não acham necessário.
Para a médica infectologista do COE Estadual (Centro de Operações de Emergência do Covid 19) Mariana Croda, um dos principais motivos da rejeição à máscara é a falsa segurança que as pessoas têm de que a doença está sob controle ou que não serão contaminadas. A desinformação, segundo ela, também é um problema. “Boa parte das pessoas não compreende a capacidade de transmissão do vírus”, explica.
A percentagem de uso da população do Estado, segundo ela, ainda é muito pequena, mesmo sendo um item essencial e de fácil acesso. E faz um alerta: “as pessoas que não usam estão se expondo mais e tem mais risco de contrair o coronavírus”.
Infectologista Mariana Croda. Foto: Chico Ribeiro
Questão de responsabilidade
Felizmente encontramos pessoas que, mesmo sem gostar, fazem uso da máscara. A estudante de Pedagogia Débora, de 22 anos, por exemplo, diz que mesmo se não houver obrigatoriedade ela continuará usando. “Eu, minha mãe, meus irmãos e meu pai, todos nós usamos máscara para sair de casa, ir ao mercado ou ao trabalho”. Moradora no bairro José Abrão em Campo Grande, Débora trabalha meio período como babá e leva à sério todos os cuidados. “Acho que é uma questão de responsabilidade”, declara.
Técnico de segurança em uma construtora da Capital, Marcos Antônio Queiróz supervisiona o trabalho de 45 funcionários em diversas construções. E todos, segundo ele, estão trabalhando de máscaras. “Neste tipo de serviço eles estão acostumados a usar o equipamento”, explica Marcos. O que mudou na Pandemia foi o fato de terem mais um acessório para carregar, higienizar e levar consigo. “No princípio alguns reclamaram um pouco, mas hoje em dia já incorporaram a máscara na rotina”, atesta.
A personal trainer Elizabeth e a advogada Juliana já se acostumaram com o uso de máscara na Pandemia, até na hora dos exercícios em casa. “Claro que há certo incômodo, mas os benefícios compensam”, concorda Juliana, que tem dois filhos menores de dois anos de idade. “Faço tudo para proteger a minha família”, declara. Para atender a clientela que não abre mão de manter a saúde física, Elizabeth já chega à residência com a máscara. “Carrego várias no carro e vou trocando ao longo do dia”, explica.
E o que diz um chef de cozinha, obrigado a usar máscara num ambiente extremamente quente e espaço muitas vezes reduzido? “É questão de hábito”, atesta Moacir Sobral. Consultor de um conhecido restaurante da capital, Moa, como é chamado, diz que a máscara está sendo incorporada aos poucos na rotina de quem trabalha no setor. “É questão de saúde pública e de proteção do próprio profissional”, resume.