Em uma das primeiras entrevistas coletivas como técnico do Santos, em janeiro do ano passado, Jorge Sampaoli foi duro sobre Eduardo Sasha. De início, o técnico sequer tinha inscrito o atacante no Campeonato Paulista de 2019.
“Não encontramos um lugar para ele. Capacidade é claro que ele tem. Mas, não podemos mentir para o jogador”, declarou o argentino, na ocasião.
Sampaoli, atualmente, está no Atlético-MG. Por ironia, um dos nomes pedidos pelo técnico para a sequência do Campeonato Brasileiro foi o de Sasha.
Esse “namoro” que (re) começou quando o atacante acionou o Santos na Justiça pedindo desligamento do clube, foi consolidado nas últimas horas de segunda-feira (17), quando o Galo anunciou a contratação e o Peixe confirmou, dizendo que o atleta retirou a ação trabalhista, aceitando um acordo.
A mudança nos discursos de Sampaoli ajudam a entender a crescente admiração por Sasha. Em março de 2019, após o atacante se destacar na vitória por 2 a 0 sobre o Red Bull Brasil, pelas quartas de final do Paulista, o treinador rasgou elogios ao jogador.
“O Sasha fez uma partida, ‘posicionalmente’, incrível. Isso nos deixa feliz, que o Sasha tenha feito isso, e nos faz pensar que erramos ao não dar mais partidas a ele”, disse, na época.
Dois meses depois, o argentino voltou a destacar o entendimento tático de Sasha. “Ele vinha treinando bem, custou um pouco, no começo, [a entender] a forma de treinar e entender o jogo de posse, mas hoje ele nos dá muita satisfação. Mais que o gol, ele nos coloca de frente, é generoso, pressiona. Ajuda muito”, afirmou Sampaoli após uma vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, pelo Brasileirão, em que o atacante balançou as redes.
A preocupação de ter jogadores que compreendam o modelo de trabalho que deseja implantar norteia Sampaoli. No Atlético-MG, apesar do risco de perder o lateral-direito Guga para o Flamengo, o técnico tem resistido a relacionar Maílton, reserva imediato da posição.
Também deu pouca oportunidade ao meia Rômulo Otero, que, agora, negocia com o Corinthians. O motivo é o mesmo que ajuda a entender o porquê de Sasha ter ido para o Galo.
“Eles estão procurando um lugar de desenvolvimento, estão atrás de uma ideia. Há alguns jogadores que assimilam rápido, outros que demoram um pouco e há os que nunca assimilam.
Então, isso só será feito no desenvolvimento do dia a dia”, resumiu o argentino, na sequência da vitória por 2 a 0 sobre o Ceará, no último domingo (16), no Mineirão.
Revelado pelo Inter, Sasha defenderá o quarto clube na carreira. Emprestado ao Goiás (entre 2012 e 2013) e ao Santos (2018), ele assinou em definitivo com o Santos em abril de 2018. No time paulista foram 108 jogos e 23 gols.
O melhor ano foi justamente 2019, com Sampaoli no comando, quando fez 49 partidas e assinalou 14 gols. Foi a temporada mais artilheira da vida do atacante.
“[Sampaoli] Um grande treinador. Fez com que eu evoluísse muito no futebol, ajudou-me bastante. Estou muito feliz pelo reencontro, por poder voltar a trabalhar com ele e, com certeza, aprender muito mais”, disse Sasha em depoimento à TV Galo, canal oficial do time mineiro no Youtube.
Em 2020, o atacante soma dois gols em 10 jogos. No Galo, Sasha vestirá a camisa 18, e disputará posição com Marrony, outro reforço trazido para o Brasileirão. Ex-atacante do Vasco, foi ele o autor dos gols da vitória atleticana sobre o Ceará, que levou o Galo para a liderança da Série A.