Eleita prefeita de Campo Grande com menos de 3% de diferença nos votos válidos, Adriane Lopes (PP) venceu a corrida eleitoral diante de Rose Modesto (PP), porém, o desempenho nas urnas mostra uma diferença histórica para os chefes de Executivo da Capital desde a instituição do segundo turno.
Ou seja, em outras palavras, Adriane venceu, mas não convenceu, é o que indica análise do cientista político Tércio Albuquerque, em uma viagem histórica das disputas pela prefeitura de Campo Grande desde antes dos anos 2000.
Como bem aponta o cientista, a tendência no retrospecto desde meados da década de 90 é uma definição sem muitas dúvidas, sobre quem seria o candidato escolhido pela população para representar a Capital de Mato Grosso do Sul como prefeito.
Dados da Justiça Eleitoral sobre o 1º turno das eleições de 1996, por exemplo, mostram José Orcírio Miranda, o Zeca do PT, vencendo André Puccinelli na primeira etapa do pleito daquele ano, porém, sendo derrotado pelo candidato emedebista em 2º turno, esse o “último resultado apertado” observado na Capital desde então.
“As eleições que se seguiram demonstraram uma definição clara dos eleitores em direção a um candidato já em primeiro turno, afastando essa indefinição e insegurança política que o segundo turno sempre apresenta aos candidatos concorrentes”, afirma Tércio.
“Atropelo” nas urnas
Na eleição dos anos 2000, por exemplo, André Puccinelli foi reeleito ao cargo de prefeito com uma vantagem esmagadora, ainda em primeiro turno, diante de Eurídio Ben-Hur, com 223.312 votos válidos contra menos de 70 mil do concorrente que ocupou a segundo colocação, uma diferença de quase 154 mil votos.
Já em 2004, o candidato que levou a eleição logo no primeiro turno foi Nelson Trad Filho, com 125.214 votos a mais que o segundo colocado na eleição daquele ano, Vander Loubet, sendo que Nelsinho foi reeleito no pleito seguinte (de 2008), com quase 195 mil votos a mais que Pedro Teruel na ocasião.
Na eleição de 2012, Campo Grande voltou ao cenário de segundo turno, definido entre os dois primeiros colocados do primeiro, Girotto (PMDB) e Alcides Bernal (PP), com o candidato do Partido Progressistas vendo o peemedebista com 108.715 votos de diferença.
“Depois temos Marquinhos Trad vencendo em segundo turno a própria Rose Modesto já com uma margem não tão grande, mas depois vence em primeiro turno a Harfouche com uma diferença esmagadora”, expõe o cientista.
Como é possível analisar nas duas eleições à prefeitura de Marquinhos Trad, em 2016 ele obteve 58,77% dos votos válidos em segundo turno, enquanto a candidata do PSDB à época, Rose Modesto, anotou 41,23% das escolhas totais, com Marcos tendo cerca de 72 mil votos a mais.
Diferente dessa disputa mais “acirrada” em 2016, nas eleições de 2020 a vitória de Marquinhos Trad veio ainda em 1º turno, com o candidato do PSD tendo 52,58% dos votos válidos e uma diferença de 170.324 a mais que o Promotor Harfouche (Avante).
Cenário local e futuro
“Resta claro que, em um primeiro momento devemos considerar a mudança do perfil do eleitor que até então era de uma faixa etária mais elevada e por isso a definição por um candidato significava muito e era definitiva”, explica o cientista.
Para ele, o eleitorado atual, mais jovem, não é convencido tão facilmente com discursos e promessas, cobrando propostas factíveis dos candidatos, sem medo de mudar o voto nem que seja em cima da hora, caso não sinta segurança no político em questão.
Conforme o cientista político, Tércio Albuquerque, justamente essa postura do eleitorado é o que facilita que as disputas de eleições tenham maior probabilidade de chegar a um segundo turno.
Apesar da vitória, Adriane esteve menos de 10 mil votos a frente no primeiro turno e venceu a eleição de 2024 com uma margem de 12,5 mil votos a mais que Rose Modesto, uma diferença de apenas 2,9 pontos percentuais.
Tendo, por exemplo, essa última vitória em pleito de Adriane, Tércio ainda cita que a tendência observada para as próximas eleições é a possibilidade ainda maior de segundo turno, graças aos eleitores mais críticos e observadores que, consequentemente, acabam sendo mais exigentes.
“Uma diferença como essa entre Adriane e Rose, poderá ser uma tônica mais presente no futuro, como foi, por exemplo, no passado no embate entre André e Zeca do PT em 1996, quando a diferença foram mínimos, mas sempre definidores, 411 votos”, conclui o cientista.
Com informações Correio do Estado!