“Não discutimos as questões de pandemia e de política juntas”. Foi assim que o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), respondeu ao ser perguntado se o apoio dele à reeleição do prefeito Marcos Trad (PSD), está mantido.
Desde que o contágio e o número de óbitos por Covid-19 em Campo Grande e, consequentemente, no Estado, se aceleraram, há 20 dias, que governo de Mato Grosso do Sul e prefeitura da Capital não tem tido o mesmo entendimento e estratégia sobre as formas de se reduzir a transmissão do coronavírus na cidade.
O governo do Estado classificou por duas vezes Campo Grande no nível extremo de seu programa desenvolvido com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Prosseguir. Este nível, de cor preta, indica a quarentena quase total – com somente as atividades essenciais abertas – para conter a disseminação do vírus.
Trad, porém, atendeu os apelos da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), manteve as atividades abertas, e ainda flexibilizou o “lockdown” de fim de semana que havia decretado na última quinzena de julho.
ENTENDIMENTOS OPOSTOS
Na última sexta-feira (31 de julho), o prefeito Marcos Trad (PSD) chegou a dizer, em entrevista ao telejornal MS2, que caberia ao governador reunir os prefeitos da macro-região de Campo Grande para uma decretação de lockdown (quarentena).
“Independentemente das ações da política, cada um tem a sua, a unidade de pensamento da secretaria estadual (da Saúde) com a secretaria municipal de Campo Grande pode levar ações concretas e conjuntas, para evitar este exponencial crescimento aqui na nossa Capital”, disse Azambuja.
“A questão política quem discute é o partido. Aí o PSDB, os vereadores da Capital – que vão disputar as eleiçoes – estão conversando politicamente, e eu tenho certeza que eles vão buscar o melhor entendimento”, complementou o chefe do Executivo estadual.
JUNTOS, PORÉM DISTANTES
Azambuja afirmou várias vezes ao longo de 2019 e no início deste ano, que apoiaria a reeleição de Marcos Trad (PSD) como uma escolha pessoal, uma forma de retribuição ao apoio que recebeu no segundo turno das eleições de 2018.
Integrantes do partido do governador, o PSDB, não escondem o desejo de o partido ter candidatura própria. O mesmo se aplica ao diretório nacional, que chegou a orientar que nas capitais, o partido tivesse seus próprios candidatos.
Trad, por sua vez, tem conversado com integrantes de outros partidos, como do DEM, por exemplo. A vaga de vice na chapa de reeleição de Trad, ainda não está definida.
Ao finalizar sua resposta sobre se o apoio a Trad está ou não mantido, Azambuja lembrou de decisões de cunho científico, e de respeito à autonomia municipal. “Isso não se mistura, sobre essas decisões de cunho cientifico. A gente tem respeitado a autonomia municipal, mas orientado as decisões que devam ser feitas”, lembrou.