O advogado Francisco Cezário de Oliveira, 72 anos, toma posse hoje para seu sexto e penúltimo mandato de presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). À frente da entidade desde 1998, ele seguirá no comando até 30 de abril de 2023.
Cezário foi reeleito para mais quatro anos de mandato em eleição antecipada, realizada em abril do ano passado. Apressar o pleito é praxe também na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que adotou a prática em 2014 e em 2018, sempre antes da Copa do Mundo.
Francisco Cezário foi candidato em chapa única e, segundo divulgado pela FFMS, 35 dos 37 representantes de clubes profissionais, amadores e ligas municipais com direito à voto foram favoráveis à sua reeleição. Os filiados que disputaram campeonatos profissionais e amadores tiveram peso dois.
O mandatário poderá tentar uma última reeleição para o quadriênio 2023-2027, pois a federação adequou seu estatuto às mudanças na lei 9.615/1998, a Lei Pelé, que rege o desporto no País. Sancionada em 2013, a alteração no texto limitou a uma reeleição o mandato de dirigentes de entidades esportivas, sob pena de perderem acesso a recursos públicos da União e isenções de impostos federais caso não cumpram a determinação.
Em comunicado publicado ainda em 2015, a FFMS confirmou que alinhou seu regimento à nova lei. A reportagem pediu uma cópia do estatuto da entidade, que não foi enviada até o fechamento desta matéria.
Além de Cezário, tomam posse também hoje os vice-presidentes Jamiro Rodrigues de Oliveira, Marco Antonio Tavares, Romeu Castro, Carlos Alberto de Assis, Alfredo Zamlutti Junior, Estevão Petrallás, Joaquim Soares e Américo Ferreira da Silva.
A assembléia para posse da diretoria eleita está marcada para 11h30min, na sede da FFMS, situada no bairro Amambaí.
HISTÓRICO
Pernambucano de Ouricuri, Francisco Cezário só se afastou da presidência da FFMS quando foi prefeito de Rio Negro, de 2001 a 2004. O advogado tentou a reeleição, mas foi derrotado nas urnas.
Até aqui, sua gestão foi conturbada, com direito a investigações em Brasília (DF), campeonatos irregulares, manobras estatutárias e fidelidade à CBF.
Investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike, instalada em 2000 para apurar a regularidade do contrato entre a empresa e a CBF, apontaram que familiares de Francisco Cezário viajaram ao Japão com despesas pagar pela entidade máxima do futebol brasileiro, com custo total de R$ 11,7 mil.
A mesma CPI ainda expôs outros casos. Em agosto de 2000, a FFMS fez uma doação de R$ 15 mil para a campanha de um candidato à prefeitura de Rio Negro. O postulante era Francisco Cezário, que chegou a ser condenado a quatro anos de prisão, mas conseguiu anular o resultado em segunda instância.
O relatório da CPI ainda salientou que haviam “sérios indícios” de sonegação fiscal por parte da FFMS que, em 1998, declarou recebimento de R$ 99,7 mil em doações e subvenções da CBF, quando, na verdade, foram repassados 122 mil.
Já em 2013, FFMS e dirigentes dos clubes Rio Verde e do MS Saad foram condenados por ferirem o Estatuto do Torcedor durante os campeonatos estaduais de 2009 e 2012, processo que ainda tramita. O Rio Verde disputou as competições profissionais com atletas amadores, enquanto o MS Saad participou do torneio de Mato Grosso do Sul mesmo com sede em São Paulo.
As eleições de 2014 da FFMS foram questionadas pelo ex-jogador do Operário Futebol Clube, Amarildo Carvalho, que montou chapa de oposição, mas foi surpreendido por uma mudança estatutária às vésperas do pleito que o impedia de concorrer.
Já em 2015, Cezário classificou como uma “grande vitória da família do futebol brasileiro” uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibia a CPI do Futebol de ter acesso a documentos da CBF. O mandatário ainda exaltou a “liderança” de Marco Polo Del Nero, então presidente da entidade. No ano passado, Del Nero foi banido pela Fifa das atividades relacionadas ao futebol por envolvimento com corrupção.
Fonte: Correio do Estado
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