Com dois casos suspeitos de fungo negro em MS, doutor explica que baixa imunidade é um perigo

Após dois casos suspeitos de fungo negro em Mato Grosso do Sul, existem muitas dúvidas sobre o que é e como é transmitido. O doutor em doenças infecciosas, enfermeiro Everton Lemos esclareceu ao TopMídiaNews sobre esse fungo, que assusta por conta da letalidade e aumento de casos.

O doutor explica que o termo mucormicose é utilizado para se referir a toda infecção fúngica causada por fungo da classe Zygomycetes e ordem Mucorales. Esses fungos, por sua vez, vivem no ambiente, particularmente no solo e em matéria orgânica em decomposição, como folhas, pilhas de adubo ou madeira em decomposição. 

Segundo ele, “as pessoas contraem mucormicose entrando em contato com os esporos fúngicos no ambiente, podendo ser por vias respiratórias, sendo inalado os esporos, ou em contato com a pele, não íntegra.”

Para o desenvolvimento da doença, vai depender da suscetibilidade da pessoa. Sabe-se que pessoas com baixa imunidade, diabetes descontrolada estão mais susceptíveis para o adoecimento.  O fungo afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões e pode ser fatal.

Fungo negro não é doença nova

Lemos afirma que é “importante esclarecer as pessoas, que não se trata de uma doença nova, e sim do aumento dos registros de casos, que certamente acende um alerta”.
Everton também explica que ainda não é possível relacionar, os casos de mucormicose registrados no Brasil com a Covid-19 e as variantes do vírus.  

“Entretanto, é sabido que as pessoas em tratamento para Covid-19, e que necessitam de internação prolongada com uso de medicamentos que interferem na ação do sistema imunológico, pode sim criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de doenças oportunísticas, entre elas: este fungo.”

Casos de fungo negro em MS e Covid-19

Questionado sobre os dois casos suspeitos no Estado, onde os pacientes foram vacinados com duas doses de imunizantes contra a covid-19 e se o fato de terem sido vacinados teria alguma coisa a ver com o desenvolvimento do fungo negro, o infectologista disse que não existe essa possibilidade.

“A vacina não influencia no desenvolvimento do fungo. O fato de terem sido vacinados, e apresentarem o quadro de Covid-19, pode estar relacionado a eficácia da vacina, idade e a força de infecção que o sars cov2 vem apresentando no estado de Mato Grosso do Sul. Estamos com elevada taxa de contaminação, o que influencia diretamente na maior exposição das pessoas ao risco de se infectar pela Covid-19.”

Como essa doença age no organismo? 

O doutor Lemos afirma que a Mucormicose é uma infecção fúngica, oportunística de elevada gravidade, a qual atinge diversos sistemas e se expressa principalmente em pacientes com baixa imunidade.  “Pacientes diabéticos, com alterações importantes no açúcar do sangue (glicemia), podem estar mais susceptíveis ao desenvolvimento da doença. No entanto, é importante que os serviços de saúde estejam em alerta para o diagnóstico precoce, que sem dúvida é chave para a redução da morbidade e dos índices de letalidade causada pela mesma.”

Tem como se prevenir do fungo negro? Quais medicamentos são indicados?

“Não existe uma forma específica de se proteger contra o fungo, uma vez que se encontra no ambiente. Manter os cuidados de biossegurança contra a Covid-19, com distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos. Evitar exposição em ambientes que apresentem materiais em decomposição, que seja possível inalação desses esporos. Quanto ao diagnóstico e tratamento, estes devem ser realizado por profissionais médicos, e acompanhamento com a equipe de saúde.”

Fontes de pesquisa
1.    Xavier SD, Korn GP, Granato L. Mucormicose rinocerebral: apresentação de caso com sobrevida e revisão de literatura. Relato de Caso • Rev. Bras. Otorrinolaringol. 70 (5) Out 2004. 
2.    Centers for Disease Control and Prevention. Mucormycosis. January, 2021. Disponível em : < https://www.cdc.gov/fungal/diseases/mucormycosis/definition.html >.