Com risco de desabar, situação de igreja na Comunidade Tia Eva é investigada

Com risco de desabamento, a Igreja São Benedito que fica na Comunidade Tia Eva e é tombada como patrimônio histórico e cultural de Campo Grande e também do Mato Grosso do Sul, é alvo de investigação do Ministério Público do Estado (MPMS). A promotora de Justiça, Luz Marina Pinheiro quer saber se existem danos estruturais que comprometem a estabilidade e a preservação da construção, que deveria ser preservada.

O prédio pode cair por conta do apodrecimento do forro de madeira e por não possuir instalações elétricas adequadas, o que também alerta para risco de incêndio da pequena igreja.

Para embasar a investigação, o MPMS recorreu ao relatório do estado de conservação dos bens tombados pelo município, feito em 2017, mas apresentado em janeiro deste ano como parte do Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A obra para instalação do forro, a substituição de telhas e de algumas esquadrias, foi em 1980, provavelmente a última intervenção feita no prédio. O relatório aponta que por ser ponto de encontro da comunidade e devido alterações no entorno, com construção de residencias nas laterais. Porém, no levantamento há informações relativas a perda de telhas, inclusive com algumas quebradas, além de cupins, apodrecimento da madeira da construção. Na avaliação o estado geral do prédio foi considerado regular.

Para o representante da comunidade ouvido no estudo, o bisneto da Tia Eva, Sergio Antônio da Silva – conhecido como Michel – relatou que existe risco de desabamento por conta dos problemas no telhado e apodrecimento da madeira que compõe a estrutura da igreja.

O estudo faz a análise completa e detalhada de 15 bens tombados na Capital. Porém quatro deles, o Museu José Antonio Pereira, a Estação Ferroviária, o Armazém e a Rotunda, já são objetos de ações ajuizadas pela 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente. Mas por conta do resultado da vistoria e do relatório apresentado, a promotora considerou apuração da situação nos demais locais, além da Igreja São Benedito, deve ser alvo de investigação do estado de conservação os prédios do Colégio Oswaldo Cruz, Loja Maçônica Estrela do Sul, Loja Maçônica Oriente Maracaju, Rádio Clube, Morada dos Baís, Escola Izauro Bento Nogueira, Obelisco da Afonso Pena, Monumento da UFMS – paliteiro, edifício do Instituto Histórico e Geográfico (IHG), e até o gabinete do prefeito. Todo o levantamento será feito pelas Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Campo Grande.

HISTÓRIA

A igreja da Comunidade Tia Eva foi fundada pela ex-escrava Eva Maria de Jesus, como promessa após ser curada de uma grave doença. Em 26 de abril de 2008, a Fundação Cultural Palmares concedeu a Certidão de Autodefinição como Comunidade Remanescente de Quilombos aos descendentes de Tia Eva. Em 1996 a igreja foi tombada pelo município. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o tombamento definitivo como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul.

Fonte: Correio do Estado

Foto: Valdenir Rezende