Eduardo Dias Campos Neto, 35 anos, foi condenado a pena de 21 anos e quatro meses de prisão por matar Aparecida Anuanny Martins de Oliveira, 18 anos, e esconder o corpo dentro de um sofá. O crime aconteceu em Campo Grande no dia 6 de março de 2007 e o suspeito só foi preso dez anos depois, em agosto de 2017.
No julgamento, presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, o Ministério Público pediu a condenação de Eduardo nos termos da pronúncia, pelo homicídio qualificado e também um agravante de violência doméstica.
Já a defesa do réu pediu a absolvição do homicídio qualificado e ocultação de cadáver, afirmando que Eduardo agiu por violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. Também pediu o afastamento das qualificadoras de futilidade e recurso que dificultou a defesa da vítima. No entanto, decidiu por manter a qualificadora de asfixia, como consta a causa da morte.
Por maioria dos votos, o Conselho de Sentença condenou Eduardo Dias Campos Neto a 21 anos e quatro meses de prisão em regime fechado pelo homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
No julgamento desta sexta-feira (4), a irmã mais velha de Aparecida Anuanny contou que um dia antes do crime o ex-namorado teria dito que mataria a jovem. Segundo a irmã, a vítima morava em Anhanduí com a família, mas veio morar em Campo Grande com um primo aos 14 anos, quando teria conhecido Eduardo. Eles começaram um relacionamento, foram morar juntos e aos 15 anos a vítima engravidou.
O relacionamento foi marcado por brigas e agressões segundo a irmã da jovem. Eduardo proibia a vítima de ir até a casa dos familiares e de manter contato com outras pessoas, bem como era proibida de trabalhar. A irmã da vítima relatou que em uma das vezes que a jovem passou o dia na casa dela, foi agredida pelo então namorado quando ele foi buscá-la no fim da tarde.
A irmã contou que o casal estava separado e que a vítima tinha voltado a morar com a mãe em Anhanduí. No dia 3 de março de 2007, ele teria pedido que o filho fosse passar o fim de semana com ele, então a mãe da vítima levou a criança. Segundo a irmã, ele chegou a ligar para a vítima dizendo que a criança estava com febre, na tentativa de fazer ela ir até o apartamento dele.
Aparecida só foi ao apartamento de Eduardo no domingo, quando almoçou com ele e a criança. Ela foi embora e Eduardo teria procurado a ex-cunhada, dizendo que queria retomar o relacionamento com a vítima e pedindo ajuda. Ele teria dito “se ela não for minha, não vai ser de mais ninguém. Eu mato ela”. Depois disso, a vítima retornou ao apartamento na segunda-feira de manhã, dia 6 de março, quando os dois discutiram e ela foi assassinada.
Eduardo chorou diante do júri e confirmou o homicídio, chegando a pedir desculpas. A todo momento ele dizia que “não tinha a intenção de matar” a vítima. Nos autos do processo consta que ele matou a ex-namorada asfixiada, após dar um golpe de mata leão nela, mas ele afirmou que apenas segurou a vítima, que o agredia.
Segundo o acusado, o casal não estava separado no dia do crime e a vítima teria dormido fora de casa, chegando no outro dia de manhã e dizendo que ele era ‘corno’. Em briga a vítima teria agredido Eduardo com um tapa o que, segundo ele, o fez “perder a cabeça”. Após matar a jovem asfixiada, ele escondeu o corpo no sofá-cama do apartamento, que só foi encontrado três dias depois.
Prisão
Eduardo fugiu para o Paraguai após o crime, onde permaneceu por 10 anos até ser preso. Lá constituiu família. Ele contou que trabalhava em uma fazenda e há 4 anos descobriu que estava com câncer no osso. Como precisou ir ao território brasileiro para exames, acabou reconhecido e preso em agosto de 2017, quando o processo foi retomado.