A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) criou força-tarefa entre unidades da Polícia Civil, com objetivo de auxiliar a Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios (DEH) na investigação de três casos de execução ocorridos em Campo Grande. Conforme publicado no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira, as mortes de Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos, Marcel Costa Hernandes Colombo, 31, e Orlando Silva Fernandes, 41, podem estar relacionadas a esquema de pistolagem articulado pelo crime organizado que atua na fronteira com o Paraguai, como a facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
O modo de agir dos criminosos e a tentativa de eliminar provas levam a polícia a crer em uma conexão, ou até mesmo em um único grupo como mandante. Segundo portaria assinada por Marcelo Vargas, delegado-geral da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul, tais ações caracterizam crimes de homicídio qualificado praticados mediante recompensa, “com emprego de meio que resultou perigo comum, além da utilização de recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima”.
“Ou seja, a forma de execução dos crimes, o tipo de armamento utilizado e as ações visando a ocultação e destruição de provas e vestígios indicam num primeiro momento possível liame [envolvimento] entre os executores dos crimes que vitimaram Ilson Martins Figueiredo, Marcel Costa Hernandes Colombo e Orlando Silva Fernandes”, lê-se na portaria que, ao convocar a força-tarefa, cita a complexidade dos casos e a ligação com os criminosos que atuam na fronteira.
A mobilização dos policiais busca o completo esclarecimento dos fatos e será levada até que todos os casos sejam concluídos. O objetivo prioritário é solucionar a execução de Orlando, ex-segurança do traficante paraguaio Jorge Rafaat e que foi morto com mais de 40 tiros de fuzil no último dia 28, ao sair de uma barbearia no Jardim Autonomista, região central da Capital.
Orlando carregava com si cheques e dinheiro que juntos somavam quase R$ 250 mil. A polícia já tem indícios preliminares: o ex-segurança de Rafaat, executado pelo PCC em Pedro Juan Caballero, em 2016, teria fugido para outro país da América do Sul e voltou a Campo Grande há cerca de três meses. Vivia escondido, mantendo uma vida de luxo, mas era observado de perto pela facção. Sua rotina era estudada. A polícia teve acesso às imagens das câmeras de segurança dos arredores do local onde aconteceu o crime e descobriu que os atiradores o acompanhavam.
MAIS EXECUÇÕES
O empresário Marcel, conhecido como ‘Playboy’, foi morto a tiros em bar da Avenida Fernando Corrêa da Costa, na Vila Rosa Pires, região central. Ele e mais dois amigos estavam sentados à mesa na cachaçaria, quando por volta da 0h18 do dia 18 de outubro, o suspeito chegou ao local de moto, estacionou atrás do carro da vítima e, ainda usando capacete, se aproximou pelas costas e atirou. Além de Colombo, jovem de 18 anos, foi atingido no joelho.
A polícia analisou imagens de câmeras de segurança nas proximidades e foi levantada possibilidade de que o autor tenha recebido ajuda de uma pessoa que estaria em outro carro por perto.
O crime com a maior relação com a execução de Fernandes, até por conta da semelhança da atuação. Na manhã de 11 de junho, o sub-tenente reformado da PM Ilson, que trabalhava como chefe de segurança da Assembleia Legislativa, foi assassinado também a tiros de fuzil e munição de alto impacto, dentro de seu Kia Sportage branco, na Avenida Guaicurus, região sul da Capital.
Assim como ocorreu agora, na morte do antigo braço direito de Rafaat, veículos utilizados no crime foram incendiados na zona rural. Figueiredo era conhecido por ser um dos primeiros policiais a integrar o então Grupo de Operações de Fronteira, atualmente chamado de Departamento de Operações de Fronteiras, em Dourados, quando trabalhou com o coronel da PM Adib Massad, conhecido por ser linha dura, e foi condecorado mais de uma vez pelas ações desempenhadas na rua.
Fonte: Correio do Estado
Foto: Correio do Estado