Da peste à praga: Paraguai alerta Ministério da Agricultura sobre nuvem de gafanhotos que pode atingir MS

Enquanto as autoridades sanitárias trabalham em políticas para contornar os efeitos da pandemia de coronavírus no Estado, a Superintendência do Ministério da Agricultura do Mato Grosso do Sul recebeu hoje (24) um alerta do governo do Paraguai sobre uma nuvem de gafanhotos que já se espalhou por vastas áreas do país vizinho e da Argentina – e que pode atingir lavouras do MS. As imagens compartilhadas nas redes sociais mostram cenas que parecem terem sido tiradas da bíblia, com os animais tapando a visão de motoristas e formando nuvens escuras no horizonte.

Ontem, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) já havia alertado o governo brasileiro sobre a proximidade da praga em territórios do Rio Grande do Sul. O gafanhoto, conhecido como sul-americano, tem como hábito a formação de massas migratórias e pode viajar até 100 km por dia.

Um monitoramento realizado nessa terça-feira (23) aponta que os animais se concentram na região argentina de Santa Fé, a 250 km da fronteira com o RS.

De acordo com o superintendente da Agricultura do MS, Celso Martins, o governo deve trabalhar nos próximos dois dias – junto à Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e a Secretaria de Meio Ambiente do MS (Semagro) – na elaboração de um protocolo de vigilância, com ações de monitoramento e troca de informações entre os governos da Argentina, Paraguai e Brasil.

A situação do Paraguai preocupa produtores sul-mato-grossenses, dada a proximidade com lavouras brasileiras. Os gafanhotos podem trazer grandes prejuízos aos agricultores, uma vez que destroem plantações de milho, soja, mandioca e folhas em geral.

Segundo Martins, a superintendência recebeu informações do governo paraguaio de que a praga se concentra em nove pontos específicos do país vizinho, principalmente no Departamento de Boquerón.

Barreira Natural

Embora seja uma praga cíclica nos países vizinhos, a infestação de gafanhotos não é um problema recorrente no MS, uma vez que o Pantanal separa as principais regiões de lavouras entre o Brasil e o Paraguai e age como uma barreira natural contra pragas do tipo.

Em entrevista ao Jornal Mídiamax, a gerente da Defesa Sanitária Vegetal da Iagro, Glaucí Ortiz, explicou que, por conta da população de aves do bioma, as nuvens de gafanhoto não costumam atravessar a fronteira, uma vez que os pássaros são predadores naturais desses insetos.

Ela ponderou, no entanto, que a ação humana e a prática do desmatamento pode tornar o cenário obscuro, já que uma redução na população de aves em decorrência do desmate “desequilibra o ambiente”, tornando imprevisível o comportamento das pragas.

O raciocínio foi endossado por Celso Martins, que afirmou que essa é “uma questão que tem muitas variáveis: clima, vento e temperatura podem mudar ou acelerar o curso da nuvem”.

Plano

A ministra da Agricultura, a sul-mato-grossense Teresa Cristina, informou que a pasta montou um plano para acompanhar a praga, que pode estar a caminho do MS. Em sua conta no Twitter, ela disse que o governo já monitora a situação.

“Montamos já um plano de monitoramento para acompanhar o deslocamento desses gafanhotos. A gente espera que ele não chegue ao Brasil, mas todas as ações que podem ser tomadas já têm um grupo de acompanhamento e as ações que podem ser implementadas caso isso aconteça”, afirmou.

Segundo as autoridades argentinas, a nuvem teve origem no Paraguai e vem atravessando o país desde a semana passada, apesar de já terem identificado um grupo de gafanhotos no final de maio. Nesse meio tempo, lavouras de milho foram totalmente destruídas pela praga.

Com informações do site Midiamax!