Em MS, Bolsonaro se cala sobre denúncia de propina, fala em ‘bandidos’ da CPI e invoca Forças Armadas


Em visita a Ponta Porã para inaugurar uma estação radar na manhã de hoje (30), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não comentou a denúncia de suposta cobrança de propina em negociação para compra de vacinas, revelada na noite de ontem (29) pela Folha de São Paulo.

O presidente discursou por pouco mais de cinco minutos no município da região de fronteira do Brasil com o Paraguai, em Mato Grosso do Sul. Bolsonaro aproveitou o tempo para atacar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia no Senado.

“Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”, disparou. Apesar da covid-19, seguidores do presidente se aglomeraram no Aeroporto Internacional de Ponta Porã para prestigiá-lo.

Como de praxe em suas viagens a Mato Grosso do Sul, Jair Bolsonaro fez menção a elementos presentes na cultura e culinária local, como o tereré, a guavira e o churrasco com mandioca. Além disso, citou sua passagem por Nioaque, onde serviu ao Exército por três anos.

Em meio às denúncias de propina na compra de vacinas e de pressão anormal para fechar negócio bilionário para aquisição do imunizante Covaxin, Bolsonaro invocou as Forças Armadas.

“Temos um governo que acredita em Deus e respeita seus militares, e deve lealdade ao seu povo. […] Só tenho paz e tranquilidade porque eu sei que, além do povo, tenho uma Forças Armadas comprometida com a democracia e a liberdade”, falou.

O presidente ainda fez um afago a sua base no Congresso Nacional, “nossos amigos do Poder Legislativo, que tem nos dado grande apoio em todas as propostas que temos apresentado para o bem do nosso Brasil”. 


CPI no Senado apura denúncias envolvendo compra de vacinas

Na noite de ontem (29), uma reportagem da Folha de São Paulo revelou suposto pedido de propina, no valor de US$ 1 a dose, para venda de 400 milhões de doses de vacina Astrazeneca pela empresa Davati Medical Supply ao Ministério da Saúde. O diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, teria encabeçado a negociata.

A denúncia vem na esteira de outra, deflagrada na semana passada, quando o servidor do Ministério da Saúde Luís Roberto Miranda disse ter sofrido pressão anormal para liberação de negócio para compra da vacina indiana Covaxin. Ele e o irmão, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), relataram supostas irregularidades no processo ao próprio presidente Jair Bolsonaro, que prometeu acionar a Polícia Federal, mas não o fez.

Bolsonaro deve retornar à Brasília ainda hoje.

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