“É uma mostra que busca provocar reflexões e o entendimento do público partindo da perspectiva subjetiva das vivências de cada um”, diz Júlia Mansur.
“Cruzar na cena com tópicos descoloniais, que foram subalternizados dentro da grade de saberes ao longo dos séculos, como o feminino e as religiões brasileiras, torna o projeto aberto para novas perspectivas fora do prisma colonizador”, afirma Ana Carolina Brindarolli.
É no contexto desse projeto que o grupo apresenta seu novo espetáculo, “O Que Eu Sinto por Você?”, amanhã e domingo, às 19h, no Ginga Espaço de Dança (R. Brigadeiro Tobias, nº 956, Vila Taquarussu).
Os ingressos podem ser retirados gratuitamente pelo Sympla, e a produção do espetáculo convoca o público para levar um item de limpeza ou higiene pessoal a ser doado para o Asilo São João Bosco. “O Que Eu Sinto por Você?” é resultado do trabalho da Cia do Mato com a bailarina e coreógrafa Rosa Antuña.
“Por meio de investigações dos corpos e suas narrativas, questões da individualidade são abordadas, evidenciando o corpo social como um organismo completo: por vezes fluido, por vezes em conflito, infixo.
Assim, aspectos da ancestralidade são aflorados, de modo a evidenciar histórias enraizadas como meio de respostas para as investigações de quem somos e como existimos, enquanto indivíduos e enquanto corpo social”, resume o texto de divulgação.
A Cia do Mato foi criada em março de 1999 por Chico Neller e Diógenes Antônio, com o objetivo de reunir bailarinos de diversas escolas ou ex-bailarinos campo-grandenses para participarem de importantes festivais de dança do País.
Atualmente, a companhia se firma na cena da dança campo-grandense trazendo questionamentos e provocações em seus espetáculos e se mantém na pesquisa da dança contemporânea e seu lugar político.
A mostra de processo “Alvitre” marca a finalização do projeto Alvitre-o: Corpo Biográfico, financiado pelo Fmic-2021, que teve como objetivo instigar novas provocações e reflexões nos intérpretes da Cia do Mato, seja por meio de cursos e oficinas propostos ou da própria direção coreográfica de Rosa Antuña.
“O público pode esperar, então, uma nova roupagem da Cia do Mato, que compartilhará na mostra ‘Alvitre’ um pouco do percurso de todos esses meses de pesquisa por meio de um espetáculo que é atravessado por temáticas como a da ancestralidade, do feminino, da solidão e dos arquétipos”, explica Maria Fernanda, que também integra o elenco da cia.
“RITMO NOVO”
Outro membro do grupo, Halisson Nunes conta que a presença de Rosa Antuña trouxe um “ritmo novo” para a companhia. “Trabalhar com ela foi intenso pelo tempo curto que tivemos dela em Campo Grande.
Além disso, ela trabalha em um ritmo de criação acelerado. Isso foi rico, porque ela trouxe outra esfera de aprendizado enquanto artista, que contribuiu cenicamente para esse espetáculo e para o futuro também”, detalha o dançarino.
“Foi um desafio para os nossos corpos, porque ela trabalha de forma muito diferente da nossa”, emenda Tanara Maciel.
“CORPO FALA”
“O espetáculo possui uma mensagem potente de transformação, de cura e de coletivo, trazendo para a plateia um espetáculo corporalmente diferenciado dos que a companhia atualmente possui em seu repertório. Transformar ideias e pensamentos em corpo cênico é um desafio de quem é da dança, pois isso prescreve um trabalho de corpo muito preciso e instigante, afinal, nosso corpo também fala”, divaga Maria Fernanda.
E por que anunciam o processo e não o “produto final”? “Vai ter a estreia ainda. Por enquanto estamos realizando algumas ações para aprofundar no processo de elaboração de narrativas ouvindo o público, como será o caso da mostra.
Fizemos um ensaio aberto para convidados com o intuito de dialogar sobre criação, entendimentos e possíveis interpretações, assim, contribuindo com o nosso processo”, explica Júlia, informando que a estreia propriamente será no mês de maio.
Ao lado de Ana Carolina Brindarolli, Halisson Nunes, Júlia Mansur, Maria Fernanda Figueiró e Tanara Maciel, estarão em cena nas apresentações da montagem-processo Brendon Feitosa e Laísa Zucareli.
Maria Fernanda e Júlia destacam ainda que a opção pelo Ginga Espaço de Dança tem a ver com o desejo de “descentralizar os espaços onde a arte acontece” e com a “tentativa de nos aproximar de novos públicos”.
Um depoimento da mineira Rosa Antuña fala um pouco sobre a trilha sonora do espetáculo. “Para mergulharmos em nossos sentimentos foram escolhidas para a trilha músicas de um grupo de mulheres polonesas chamado Sutari.
Uma música profunda, que em algum grau dialoga com a música da cultura popular do Nordeste do Brasil em seus timbres e melodias”.
Curiosamente, outras tradições da dança polonesa poderão ser conferidas neste fim de semana na Fenasul. Confira adiante.
APOEME-SE
Pela programação da Boca de Cena – Semana do Teatro e do Circo de MS, que desde o início da semana agita o circuito cultural da Capital, um dos destaques é a Cia Apoema, que volta a apresentar a intervenção circo-poética “Apoeme-se”, somente hoje, às 18h30min, na Praça Dom Antônio Barbosa, no encontro da Rua Anselmo Seligardi com a Rua Lúcia dos Santos. Em cena: Nathália Maluf, Nilcieni Maciel e Roberto Pimenta. A direção é coletiva.
“Da terra que nutre e dá vida, feito o feminino, de onde nascem os tantos partos dessa gente cansada, que avista aqui de perto e também lá no longe, onde já não tem mais fim. Enraizamento já está no sentido de ser e não propriamente estar.
‘É tempo de retomada!’, gritaram ou por vezes sussurraram os corpos que se diluíam no contato um com outro, e o fogo que te atravessa também arde em mim, mas já não queima, arde com vontades e desejos. ‘É tempo de pertencimento’ gritaram ou assoviaram os corpos lá do alto, tão bonitos, donos e sabidos de si”, resume a sinopse da intervenção.
Ainda dá tempo de conferir essa e outras atrações da Boca de Cena, todas com acesso gratuito. Um show do Projeto Kzulo, neste sábado, às 21h30min, na Estação Cultural Teatro do Mundo (R. Barão de Melgaço, nº 177, Centro), encerra mais uma edição da mostra.
FENASUL
O Grupo Folclórico Polonês Wesoly Dom é um dos destaques da FenaSul 2023, que começa hoje, no Círculo Militar (Av. Afonso Pena, nº 170, Amambaí). O grupo vai se apresentar todos os dias até domingo. Vindo de Araucária (PR), o Wesoly Dom tem mais de 20 anos de estrada e proporciona um passeio pela cultura e pela tradição polonesa, que começa já no figurino, totalmente típico.
Para garantir a entrada gratuita no primeiro dia da FenaSul, que segue com ingresso a R$ 10 até 9/4, basta acessar o site: fenasul.com.br e fazer o cadastro. As inscrições são limitadas. Após o cadastro e a confirmação, basta levar um quilo de alimento não perecível, que será destinado a uma instituição beneficente de Campo Grande.
Além de novidades de moda e decoração, a FenaSul traz o melhor da culinária sulista, com a costela de fogo de chão, as tradicionais cucas e salames, queijos e sucos de uva.
PÓ BRANCO
Nos cinemas, um dos destaques é a estreia, em versões dubladas e legendadas, de “O Urso do Pó Branco”. Dirigido por Elizabeth Banks, a partir do roteiro de Jimmy Warden, o longa leva para as telas, na chave da ficção e da comédia de humor negro, um caso real que se passou na Geórgia, EUA, em 1985.
Confira a sinopse: “Depois de uma operação de contrabando de drogas fracassada, um urso negro ingere uma grande quantidade de cocaína e começa um tumulto movido a drogas”.