Garras identifica 20 membros de bando que cavou túnel e prende líder em SP

Em mais uma etapa da investigação sobre o plano de furto milionário à unidade do Banco do Brasil em Campo Grande, o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) esteve em Bela Vista (MS) e nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Chefe da quadrilha, conhecido na organização criminosa como “Velho”, foi preso em Marília (SP) na sexta-feira (13).

Batizada de Euphractu (nome científico para tatu), a ação teve apoio do Ministério da Justiça, por meio da Seopi (Secretaria de Operações Integradas), da Delegacia de Polícia Civil de Bela Vista, município vizinho ao Paraguai,  e ainda do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de São Paulo.

Além de Marília (SP) e Bela Vista (MS), os policiais estiveram Novo Hamburgo (RS), Joinville (SC) e São Paulo (SP).

No Rio Grande do Sul, havia mandado para prender um dos “gerentes” do esquema, mas o criminoso conseguiu fugir. Em Bela Vista – a 322 km de Campo Grande –, outro integrante do bando com o mesmo “cargo” foi preso e o terceiro integrante do núcleo de comando foi morto na ação policial que impediu a execução do crime, no dia 22 de dezembro.

A delegacia não divulgou o nome dos presos, por força da Lei de Abuso de Autoridade, mas pelo apurado anteriormente, é provável que o gerente morto seja Antônio Mendes Leal, conhecido como “Barba”. Ele foi  apontado inicialmente como Renato Nascimento Santana, identidade falsa usada por ele,  morto na operação em dezembro.

Naquele dia 22, também foi morto José William Nunes Pereira da Silva, de 48 anos, natural de Caxias (MA). Segundo a investigação, ele ajudava na escavação e estava à frente da “contenção”, ou seja a resistência armada em caso de invasão policial. Antônio Mendes levou 5 tiros e José William teve 4 ferimentos provocados por arma de fogo, segundo relatório da Santa Casa de Campo Grande.

Além dos quatro mandados de prisão, o Garras foi às ruas para cumprir sete mandados de busca e apreensão.

Núcleos

A investigação identificou quatro grupos que esquematizavam o furto do Nuval (Núcleo de Valores) do Banco do Brasil, na Rua Alegrete esquina com a Rua Buriti. Eles alugaram uma casa no Bairro Coronel Antonino de onde começaram a escavar túnel para chegar ao cofre da unidade. O buraco já tinha 63 metros de comprimento.

A polícia estava monitorando parte da organização criminosa há pelo menos seis meses e em dezembro, já sabia que a intenção era furtar cerca de R$ 200 milhões. Para viabilizar o plano, os “professores” – ou seja, os que idealizaram, coordenaram e financiaram o bando, como fez o líder dos ladrões de banco da série La Casa de Papel – foram responsáveis por arrecadar R$ 1,3 milhão para viabilizar a ideia. Pelos menos dois roubos em Campo Grande foram fonte de recursos, quando em 2016, R$ 1,1 milhão foi levado de agência do Brasil do Brasil e no ano passado, R$ 230 mil, de unidade da Caixa Econômica Federal. “Velho” fazia parte deste núcleo.

Organograma – Na hierarquia da quadrilha, havia os três gerentes – o morto, o preso e o foragido. “Durante a investigação, evidenciou-se incessantes encontros e reuniões entre esses indivíduos e os demais integrantes da organização criminosa, tudo registrado no decurso dos vários meses de apuração sigilosa”, informou o Garras em nota.

O chamado núcleo de apoio era composto por seis pessoas,  responsáveis pelo suporte permanente aos criminosos. A quarta divisão, segundo as investigações, era formada por 7 indivíduos, que trabalhavam na escavação do túnel, conhecidos como “tatus”.

Segundo a polícia, os 20 integrantes da quadrilha identificados tiveram as prisões preventivas decretadas pela da 2ª Vara Criminal de Campo Grande. Delegados responsáveis pelo inquérito decidiram não dar entrevista coletiva diante do cenário de pandemia do novo coronavírus.