‘Meu filho será o último’: mãe abraça causa contra omissão médica em Campo Grande

A enfermeira Gabrielle de Souza Montalvão, 23 anos, intensifica o pedido por justiça pela morte do filho, Caleb Montalvão Milano, de 3 anos. Ela acusa a Santa Casa de Campo Grande de omissão de socorro e descaso com a saúde de outras crianças, que perdem suas vidas pelo mesmo motivo.

Nas redes sociais, ela escreveu uma mensagem e pediu para que a mesma fosse compartilhada pelos demais internautas.

“Justiça pelo meu bebê. Que se encerre esse ciclo de descaso com a saúde das nossas crianças que não conseguem ser ouvidas. Elas têm voz! Meu filho vai ser o último”, escreveu Gabrielle.

Abalados com a morte do pequeno Caleb e comovidos com o pedido de justiça da mulher, internautas também resolveram reforçar o pedido através de compartilhamentos e comentários. 

“Justiça deve ser feita. Muito descaso”, escreveu uma internauta.

Em outro comentário, seguidor também pediu Justiça e foi enfático ao culpar o hospital pela morte da criança. 

“Descaso da Santa Casa. Mais uma vez com atendimento precário. Justiça seja feita”, escreveu.

O caso

Durante a manhã desta terça-feira (16), Gabrielle de Souza Montalvão, de 23 anos, procurou a delegacia para registrar uma ocorrência em razão do seu filho Caleb Montalvão Milano, de 3 anos, que possuía problema cardíaco, ter falecido na Santa Casa de Campo Grande após uma possível demora e suposta omissão do hospital.

A advogada Janice Andrade, que representa a mãe, publicou uma nota que expõe o caso e elenca os principais motivos e tudo o que aconteceu para que Gabrielle procurasse a Polícia Civil e iniciasse uma investigação contra a unidade hospitalar.

De acordo com o documento, Caleb nasceu no dia 26 de janeiro deste ano com uma cardiopatia congênita, diagnosticada desde a sua gestação. Até aqui, tudo certo, mas no dia 7 de maio, o bebê precisou ser encaminhado para o hospital após apresentar queda na saturação e gemência.

Segundo a advogada, pelo fato da criança ser portador de cardiopatia congênita, era necessário interversões cirúrgicas quando completasse 6 meses de vida, ou até mesmo antes, conforme a necessidade da evolução do seu quadro clínico. Naquele manhã, foi preciso o apoio do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para encaminhar a criança com auxílio de oxigênio.

Drama no hospital

Mas teria sido no hospital que todo o drama de Gabrielle começou. Com saturação baixa, a mãe pedia por atendimento médico e aplicação de medicação no seu filho, mas somente após quatro horas, às 13h, depois de muita insistência, conforme o registro policial, é que a mãe conseguiu atendimento por meio da equipe de plantão para seu filho que estava todo roxo.

Após os procedimentos, Caleb foi encaminhado para a área vermelha. A mãe tentou ficar acompanhando seu filho, mas o pedido teria sido negado e ela precisou esperar na sala de emergência. Mais tarde, uma enfermeira teria informado que o bebê não havia estabilizado sua função respiratória e foi solicitado a presença da médica cardiologista pediátrica e avaliar a necessidade de exames, medicações e até cirurgia.

Ainda conforme a documentação apresentada na delegacia, no final do dia 7, por volta das 22h, a criança precisou ser internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas isso sem qualquer avaliação de cardiologista pediatra. A mãe em todo o tempo tentava acionar o SAC, falar com a equipe de plantão do hospital, mas de nada adiantava e o problema ia se agravando conforme o tempo passava.

Já no dia seguinte, na segunda-feira (8), a criança passou quase todo o dia sem receber auxílio médico e somente no final da tarde, por volta das 18h, a médica pediátrica compareceu ao hospital para fazer avaliação e o ecocardiograma, após Gabrielle realizar 8 ligações no SAC do hospital, “exigindo uma
posição, inclusive a justificativa da profissional estava em seu consultório atendendo os seus pacientes do particular”.

“Na segunda-feira, foi realizado um exame de Ecocardiograma, no qual foi constatado insuficiência cardiorrespiratória, descompensação cardíaca e a possibilidade de obstrução nas veias pulmonares, provavelmente a criança iria passar por cirurgia de urgência, mas precisava realizar um exame de angiotomografia, e que esse exame somente seria realizado no dia seguinte”, diz trecho da nota divulgada pela advogada e acrescenta que a profissional de saúde não solicitou o exame.

Notícia devastadora

A pior notícia que uma mãe poderia receber, Gabrielle recebeu na manhã do dia 9 de maio, na terça-feira. Caleb foi entubado novamente e a família aflita pela falta de um cardiologista pediátrico no hospital. Após nova insistência da mãe, a médica compareceu ao hospital após deixar seu consultório particular. Já na noite do mesmo dia, a criança veio a óbito, por volta das 19h.

A família chegou a solicitar autópsia da criança, mas que teria sido negada pela equipe médica sob a justificativa de que tinham ciência da causa da morte, onde ficou constado na certidão de óbito que a causa teria sido um choque septo. Contudo, a advogada e a família ressaltam que os exames diários não acusaram nenhuma infecção.

“Faltaram com a verdade até na declaração do óbito para se isentar das responsabilizações da omissão e negligência no atendimento da criança. A criança morreu a míngua em um hospital de referência em atendimento em crianças cardiopatia. Pois foram omissos e simplesmente deixaram morrer como se não fosse nada”, finaliza a nota.

O caso passa a ser investigado pela Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

A reportagem do TopMídiaNews entrou em contato com a Santa Casa solicitando uma nota a respeito do caso e aguardo o retorno. Assim que obtiver a resposta, será inserido na matéria.

Fonte Topmidianews!