Depois da morte de Expedito Soares em um incêndio, o bairro Moreninhas acordou mais triste nesta quinta-feira (28). Lembrado como um homem humilde, trabalhador e um padrasto atencioso, familiares e vizinhos se emocionam ao falar do idoso que partiu de uma forma tão dolorosa.
Expedito morreu queimado na noite de quarta-feira (27) após um incêndio do qual ainda não se sabe a origem. Como ele guardava materiais recicláveis em casa, o fogo pode ter se espalhado mais rápido. Ele morava sozinho e já foi encontrado sem vida deitado na cama do quarto.
O enteado Pedro Adriano Martins, de 44 anos, conta que foi criado como um filho por Expedito. Ele conta que o idoso nunca conseguia ficar sem fazer nada e mesmo depois de aposentado, sempre arrumava algum serviço, o que pode explicar os materiais recicláveis no local. “Morei por muitos anos com ele, joguei bolita nessa rua por muito tempo. Eu não conheci meu pai, mas ele foi o meu pai”, relembra.
Morador das Moreninhas há mais de 30 anos, Expedito era conhecido na região. A vizinha Zilda da Silva, de 68 anos, conta que o conhece há décadas e que era muito querido por todos. “Um excelente vizinho, ele morava sozinho então eu levava comida para ele de vez em quando”, conta.
Luzinete Vieira, de 51 anos, também morava perto e conta que conhecia o idoso desde a década de 1980. “Era muito trabalhador e respeitado. Hoje a Moreninha está de luto. Ele era reconhecido por ser muito humilde, sempre que nos víamos, parávamos para conversar”, relata.
Momentos de desespero
A noite de quarta-feira foi marcada por momentos de agonia e desespero. Assim que moradores perceberam o incêndio, saíram para fora de casa e tentaram ajudar. Um dos moradores chegou a quebrar a mão enquanto tentava arrombar a grade do portão da casa do idoso.
Pedro conta o momento de agonia que viveu na noite de quarta, quando soube do incêndio. Ele conta que recebeu uma ligação informando sobre o incêndio por volta das 19 horas e que imediatamente foi ao local. Quando os Bombeiros encontraram o idoso, era tarde demais. “Ficamos muito tristes pelo jeito que ele se foi”. Ele lembra que o padrasto instalou grades na janela do quarto há pouco tempo. Ele acredita que se não houvesse grade, ele teria mais uma chance para conseguir escapar.
Zilda conta que estava assistindo o Jornal Nacional quando ouviu um estrondo e percebeu o desespero das pessoas. Desespero para arrombar o portão e salvá-lo, uma gritaria e correria na rua. “O vizinho da frente quebrou a mão tentando arrombar, infelizmente ninguém conseguiu salvá-lo. Fico pensando, será que ele pediu ajuda? Gritou e ninguém ouviu?”, chora.