Das rezas feitas em roda até atores vestidos de anjos, o Dia de Finados em Campo Grande foi de intenso movimento. Apesar do calor, diversas pessoas percorreram os túmulos levando flores, velas, oferendas e oração para parentes e amigos que já partiram.
No Cemitério Santo Amaro, o maior de Campo Grande, o cheiro de flores e velas acompanham os visitantes durante toda a caminhada. Apesar dos problemas estruturais, as famílias se revezam limpando e organizando os túmulos, nem que seja um dia antes. Tatiane Ito, 32 anos, está na terceira geração dedicada à função. “Nós aprendemos com a minha avó. É uma tradição da cultura e da família e foi ela que começou”, explica.
No túmulo há uma estrutura que protege do forte calor em Campo Grande, que beira os 34 graus. “Na cultura japonesa nós temos essa tradição de estar sempre cuidando dos túmulos. Nós começamos a limpar ontem e hoje deixamos as flores, as velas e também trouxemos oferendas, como frutas e bolinhos japoneses”, afirma Tatiane. Segundo a jovem, a família realiza um verdadeiro tour no Cemitério. “Temos mais seis túmulos com familiares. Limpamos e cuidamos de todos”, ressalta, enquanto arrumava as oferendas para o bisavô, a bisavó e avô, enterrados no local.
Perto do túmulo da família Ito, as orações continuavam em uma roda de oração, com canções que remetem ao amor e a paz. Mais adiante, no centro do cemitério, uma cruz erguida reúne as velas e as flores em um só local.
Em outro ponto da cidade, no Cemitério Parque das Primaveras, a proposta é tornar o ambiente mais agradável, apesar do período ser de saudade. No local ocorreu uma celebração, com missa e intervenções criativas, como uma árvore onde é possível pendurar mensagens para os entes queridos que partiram e um painel que questionava aos visitantes, os seus desejos antes de morrer. As respostas foram variadas, de viagem ao Japão a ganhar dinheiro. Também no local, atores vestidos de anjos alegravam as crianças.
Apesar do esforço, o clima ainda é de muita saudade entre os visitantes. A aposentada Ana Maria Pereira Batista, ainda se emociona ao lembrar da neta, que faleceu em março de 2017. “Ela tinha 17 anos e paralisia cerebral desde o nascimento. Eu sempre cuidei dela. Ainda sinto muita saudade, sofri muito com a partida dela, mas com ajuda de Deus e minha Nossa Senhora Batista tenho seguido em frente”, afirma.
Para Ana Maria, as visitas não devem ser feitas apenas no Dia de Finados. “Venho sempre visitar o túmulo dela. Faço minhas orações e sigo com fé”, acredita.