Um grupo de moradores do Parque Iguatemi – parcelamento do Nova Lima, localizado na região norte de Campo Grande – tem até a próxima terça-feira (9) para sair da área pública invadida recentemente após uma suposta promessa de posse da mesma em troca de votos nas eleições realizadas em novembro do ano passado.
Neste sábado (6), uma equipe da Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), por ordem da prefeitura, foi até o local para fazer a retirada dos moradores, mas houve acordo para fazer a saída sem intervenção da Guarda Municipal, ganhando três dias para tal.
Contudo, a situação de clara ilegalidade ganha contornos ainda piores. Os próprios moradores revelam o motivo que o fizeram escolher a área para invadir: a promessa de poder ficar na área, sendo ela regularizada posteriormente. A proposta teria sido feita, segundo os moradores, em troca de votos para vereador.
“Entramos aqui com apoio de uma pessoa que trabalha Emha [antiga sigla da Amhasf] e daria uma força para a gente”, explica Janaína da Rocha, de 29 anos, sem apresentar provas sobre a dita promessa.
Além dela, que é diarista, também reforça a afirmação o aposentado Vanderlei Silva, de 47 anos, assim como outros moradores – ali há nove famílias. Segundo eles, o servidor que teria oferecido a vantagem indevida a eles se chama Rogério.
“Ele chegou e perguntou se estava sobrando espaço aqui. Quando a gente disse que não tinha mais, ele não gostou e no outro dia veio com a Guarda Municipal, saiu derrubando tudo, derrubou o poste do padrão. Eu entendi que se tivesse um terreno para ele, estaria tudo de boa e ele ia ajudar todo mundo”, frisa Janaína.
Os moradores reclamam que, mesmo sabendo da ilegalidade da invasão, a forma como estão sendo retirados seria arbitrária, já que sequer receberam visita da assistência social da agência. Foi também para a assistência social que os moradores afirmam terem denunciado a situação, após terem ido até a sede da Amhasf, em janeiro.
Agência fundiária – Por outro lado, a Amhasf, através de sua assessoria de imprensa frisa ter conhecimento da invasão na área, destacando que em outras duas oportunidades conseguiu impedi-la, mas na terceira não.
Também é destacado que a situação dos moradores ali é de completa ilegalidade, não havendo hipótese de que os que estão no local sejam privilegiados à frente de outros 42 mil inscritos para serem contemplados com moradia.
Como a autarquia da prefeitura não funciona durante o fim de semana, não foi possível entrar em detalhes nesse sábado como a existência da uma denúncia envolvendo algum servidor e se há alguma apuração quanto a isso em andamento.
Vereador – Os moradores afirmam que Rogério dizia ser um interlocutor do então candidato a vereador Delei Pinheiro (PSD), que acabou sendo eleito em 2020 e ainda escolhido para comandar a primeira secretaria da Câmara Municipal.
Contudo, revelam também não saber se realmente ele agia sob ciência de Delei, apesar dos pedidos de voto para ele e de confecção à mão de placas com o número dele nas urnas. A reportagem procurou por telefone o vereador, mas não obteve êxito nem retorno dele até o fechamento do texto. Delei é originalmente servidor da área fundiária.
Fonte: Campograndenews!