Políticos vão à Polícia Federal contra fábrica de fake news

Um suposto esquema de disseminação de fake news será investigado pela Polícia Federal por conta de denúncias do prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), que colheu provas ao longo de um tempo para entregar à polícia. Outro político que já tem dois registros por fake news na Polícia Federal é o deputado estadual Coronel David (PSL). Na terça-feira (24), o parlamentar teve o celular hackeado e procurou a polícia pela segunda vez. 

Conforme apurado pelo Correio do Estado, um número de celular com o DDI dos Estados Unidos da América (EUA) dissemina as mensagens envolvendo o prefeito para grupos de WhatsApp com contas de brasileiros e DDD de Mato Grosso do Sul, entre eles, um número de Dourados.

Conforme as imagens e documentos a que a reportagem teve acesso, a conta do celular com número dos EUA está em nome de um jovem com as iniciais W.G.H, que seria o responsável por repassar o material produzido para uma mulher identificada como L.C. de M. de C.M, e ela encaminha para os demais grupos na rede. 

Procurado pelo Correio do Estado, Marcos Trad confirmou que será feita uma representação na Polícia Federal, porém, não quis dar detalhes do que apresentaria. “Vou buscar todos os meios de punição e até prisão. Buscar reparação na Justiça por danos morais a minha pessoa. Todos os dados que levantamos, e esperamos bastante para chegar ao que temos hoje, serão apresentados na PF. Estamos terminando de unir todas as provas, as peças”, destacou. 

O grupo usa imagem de jornais tradicionais, como o Correio do Estado, para confeccionar montagens, além de hackear celular e utilizar a agenda de contatos para pedir dinheiro ou então fabricar conversas com mulheres. “O que posso dizer que os motivos são sempre os mesmos: notícias falsas, manchetes absurdas com o claro intuito de atrair acesso e levar pessoas ao erro e ao engano. Tem boatos e mentiras que são disseminados por esse grupo de pessoas que se escondem na rede, mas entre aspas, porque agora vão aparecer. Infelizmente existem empresas especializadas e grupos de pessoas que trabalham especificamente para espalhar esses boatos. Já hackearam meu celular duas vezes, tive que trocar de aparelho. Copiavam perfil sempre de nomes femininos, faziam montagem e inventavam diálogo promíscuos”.

O deputado Coronel David foi à PF pela segunda vez por conta de fake news, porém, desta vez, segundo ele, seu celular também foi invadido por hackers e deve ser periciado.

De acordo com David, após filiado do PSL de Brasília, Bruno Gomides, ter compartilhado vídeo criticando o apoio de David em relação à homenagem que o ex-senador Delcídio do Amaral (PTB) recebeu na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a postagem teria sido compartilhada no status do aplicativo de celular de David. “Estava com minha esposa ontem [terça-feira], às 23h, e recebi mensagem de amigo dizendo que eu tinha compartilhado um vídeo no meu status sobre isso. No vídeo, fala que eu fui autor da homenagem ao Delcídio”, contou, destacando que o autor é o deputado Neno Razuk (PTB).

Na primeira vez que o deputado foi alvo de fake news, na campanha de 2018, um vídeo foi divulgado dizendo que o então candidato estava apoiando os nomes do PSDB e PSD ao Senado Federal, Marcelo Miglioli e Nelson Trad, respectivamente, e não o da candidata do PSL e atual presidente da sigla em Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke. Conforme relato de David, o vídeo mostra um santinho produzido por vereador de Paranaíba com a foto dele e dos candidatos de outros partidos. “Eu não mandei fazer o santinho. Foi o vereador que fez com dinheiro dele e o vídeo atribuiu como se fosse eu que tivesse feito”, disse.

O homem que aparece no vídeo era funcionário de campanha de Thronicke, assim como coincidentemente o responsável pelo novo vídeo se diz parceiro da senadora. Durante seu discurso na tribuna, David disse que quer saber quem foi o mandante do suposto crime. “Quero saber quem do PSL de Campo Grande fez isso?”.
O partido divulgou uma nota repudiando as declarações do deputado.