Prefeitura aumenta em cinco vezes os atendimentos no Cetremi, oferece cursos e muda vidas

A Prefeitura de Campo Grande vem mudando os atendimentos às pessoas em situação de rua o oferecendo oportunidades reais de mudança. O Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua) aumentou em cinco vezes os atendimentos nos três anos de gestão, e hoje, pela primeira vez em 30 anos de funcionamento, oferece cursos de capacitação profissional aos usuários.

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Em 2016, o Cetremi contabilizou 270 atendimentos em um ano, em 2017 os números foram para 1.735, em 2018 para 1.851 e, neste ano, até setembro 1.348 pessoas haviam passado pelo local. O curso de horta e jardinagem, bem como o de Barbeiros e Cabeleireiro, tem possibilitado aos usuários a oportunidade de se profissionalizar.

Com 64 anos, Joel Ferreira, contou que quando chegou à unidade fez o curso “Plantando Dignidade” e agora cuida da horta.

“Estou responsável pela horta há 4 meses. Eu aprendi a mexer com horta cedo, sou filho de agricultor, mas aqui aprendi mais. A horta para ir pra frente tem que cuidar, é trabalhoso, mas é gratificante”, disse.

O projeto ensina aos usuários o manejo, plantio e colheita de hortaliças, bem como a fazer plantas frutíferas.

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“Desta forma podemos ajudá-los a se inserir no mercado de trabalho para atuar nesta área de horticultura e floricultura”, explica o coordenador da unidade Odair Jesus Martins.

Outro curso que está sendo ofertado na unidade é o de Barbeiro e Cabeleireiro. O prefeito Marquinhos Trad explicou que o objetivo do curso é incluir as pessoas no mercado de trabalho e na sociedade.

“Isso é uma inclusão social, a gente dá a oportunidade para essas pessoas que estão desacreditadas. Quando decidimos trazer o curso para cá todo mundo falou que não adiantava nada, mas vejo aqui todos esperançosos, com vontade de aprender e mudar. É isso que importa, a vontade que cada um tem de seguir em frente pela sociedade”, disse.

A usuária Andreza Silva de Oliveira, de 40 anos, que vive há 12 nas ruas está esperançosa.

“A expectativa que eu tenho é de ter um começo de tudo, ter uma nova vida. Ter um emprego que pague um aluguel, comer com suor do meu trabalho. É isso que eu quero. Eu quero mudança, mudança mesmo! Quero quebrar esse tabu e provar que a gente é capaz sim”, disse.

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O também usuário Pedro Miguel, de 40 anos, disse que o local oferece muitas oportunidades.

“Aqui você tem um local para dormir, um local para fazer a sua refeição. Tem um tempo de lazer, de descanso, você também pode participar de cursos, que a Prefeitura, em conjunto com a coordenação, oferece para nós. Então temos uma chance de retomar as nossas vidas”, afirmou.

Para atingir esses objetivos, a Prefeitura de Campo Grande tem trabalhado na execução dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Para isso, houve um reordenando o Serviço de Acolhimento Institucional para Pessoas em Situação de Rua com a ampliação do atendimento para este público por meio do cofinanciamento e com a previsão de implantação de mais uma Unidade, conforme metas do Plano de Governo e Plano Plurianual 2018-2021.

O Centro Pop mudou de local e foi para um espaço mais adequado, visando um melhor atendimento, já que o antigo imóvel não atendia às orientações técnicas para funcionamento da Unidade e dos serviços nela executados.

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A estrutura anterior, na Rua Maracajú, era muito pequena e não comportava o número de atendimentos dia que o Centro Pop atende (cerca de 80 usuários/dia).  Além de pequeno não tinha um refeitório adequado. O espaço melhorou bastante, também para o corpo técnico que atendia em uma única sala.

De acordo com o coordenador do Centro Pop, Artêmio Versoza, além de melhores instalações, a equipe foi ampliada, para aumentar e melhorar os atendimentos.

“Nós melhoramos todas essas questões para poder desenvolver atividades com os usuários. Tínhamos um quadro reduzido, aí conseguimos colocar mais educadores sociais, assistente social e psicólogo na equipe, um advogado que veio pra compor, então a gente conseguiu dar uma melhor qualidade no atendimento para essa população”, disse.

Outro ponto fundamental foram as parcerias firmadas com cinco comunidades terapêuticas (Serta/Jaboque/Esquadrão da Vida/Contapes/Kadri) para dar apoio aos usuários adictos.

O recuperado Valgremir Santana Vieira, de 34 anos, que viveu 20 deles na rua, contou que foi através da Comunidade Esquadrão da Vida que resgatou a sua própria vida. Usuário de álcool e cigarro ele perdeu tudo e agora está se recuperando.

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“Cheguei a fazer outros tratamentos, mas recai. Aqui eu mudei a minha história. Faz meses que estou recuperado. Aqui eu consegui fazer meus documentos. Eu não tinha mais nada. Eu estava com um indigente na rua. Aqui eu tenho uma família que não tive lá fora e também estou recuperando a minha. Encontrei a minha tia, ela abriu as portas de novo para mim, me aceitou novamente na casa dela. Eu pude entrar na casa dela, pude dormir, comer, assistir televisão. Coisa que quando eu estava na rua, eu não tinha oportunidade. As pessoas voltam a ter confiança na gente”, disse Valgremir.

Israel Correia da Silva, de 36 anos, que também se recuperou na mesma entidade contou que começou a beber e usar drogas e quando viu estava na rua.

“Eu morava com minha prima, trabalhava, mas ai comecei a usar drogas e a beber muito. Ficava com os amigos na rua, não ia ao serviço. Até que chegou uma hora que a minha família não me quis mais. Eu passei a roubar minha própria família, e eles me expulsaram de casa. Ai eu aluguei um quarto, mas chegou uma hora que não conseguia mais pagar. Fui pra rua. Fiquei em uma depressão tão forte que eu quis pular do pontilhão. Nesse dia eu encontrei um amigo e ele me levou para a igreja, me trouxe pra cá e meu propósito é me recuperar”, se lembrou.

Outra medida foram os encaminhamentos ao mercado de trabalho.

O usuário Júlio Torres, atendido pelo Centro Pop desde 2016, contou que o único meio, que eles, moradores de rua tem para mudar é procurar ajuda no Centro Pop.

“Aqui tira documentos, dá atenção e encaminha para os hospitais. Já tive várias recaídas, mas graças a Deus estou melhor e agora vou retirar meus documentos já que apareceu um anúncio de oportunidade de emprego lá na Funsat. Tudo isso graças à equipe do Centro Pop que ajuda a gente a começar uma vida nova”, agradeceu.

A promoção desse conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade civil organizada é o que vem garantindo a ampliação do sistema de proteção social e o acesso aos direitos, bem como norteando a execução da Política de Assistência Social do município de Campo Grande.