Quem olha o placar final de 3 a 1 não imagina quão complicada foi a caminhada do Brasil no amistoso da República Tcheca. O time de Tite parecia acometido por uma doença que afetou a criatividade durante o primeiro tempo, mas as alterações foram o antibiótico que evitou uma incômoda derrota no último amistoso antes da convocação para a Copa América. Um alívio em um momento crucial antes de uma competição importante, mas que não apaga os problemas da seleção.
Os gols brasileiros vieram todos na etapa final, com Firmino e Gabriel Jesus (duas vezes). Agora, Tite precisará refletir para decidir quais nomes incluirá na lista de 23 convocados. O anúncio será em 17 de maio.
O gol dos tchecos aos 37 minutos do primeiro tempo, marcado por Pavelka, foi o saldo de uma seleção perdida, sem saída de bola e inoperante no ataque. Uma total desorientação. Em que pese a falta de entrosamento, Paquetá, por exemplo, esteve muito abaixo do que se espera dele. Coutinho também fez um primeiro tempo muito ruim e só melhorou na etapa final. O Brasil errou muitos passes e facilitou a estratégia da seleção anfitriã de roubar a bola no meio-campo e achar o adversário desarrumado. Os 45 minutos iniciais em Praga foram, talvez, os piores desde a chegada de Tite à seleção.
Para fugir do cenário desolador do primeiro tempo, foi fundamental uma versão mais leve do time, com Everton, David Neres e, no fim, Gabriel Jesus. O gol logo aos três minutos, quando Firmino aproveitou o erro defensivo dos tchecos, ajudou a evitar o desespero.
Aos poucos, o Brasil conseguiu fazer tabelas, chutar mais a gol e mostrar as características que fizeram com que a seleção voltasse a ser temida no futebol mundial. O mais legal disso tudo é que as alternativas vieram com jogadores jovens, que deixam o leque ainda maior para o treinador. Do meio para frente, o Brasil terminou o jogo com Allan, Artur, Firmino, David Neres, Gabriel Jesus e Everton.
A virada veio com os dois gols de Gabriel Jesus, mas inegavelmente Tite tem um problema a resolver. O modelo inicial não funcionou. Firmino, por exemplo, melhorou quando veio buscar mais o jogo. O tempo para a Copa América é curto. Talvez ele precise abandonar algumas convicções em termos de desenho tático.
Fonte: O Globo Esportes
Foto: David W Cerny / Reuters