Mesmo desprezado pelo governo federal e fora do Plano Nacional de Logística (PNL), o projeto da ferrovia TransAmericana ainda é a única alternativa do governo do Estado e da Rumo Logística para revitalizar a Ferrovia Malha Oeste, que nos últimos três anos gerou prejuízo milionário de R$ 512,6 milhões, por conta de sua condição precária e de abandono.
“Os investimentos [na Malha Oeste] serão resultados do trabalho da TransAmericana”, afirmou o presidente da Rumo, Julio Fontana Neto, em entrevista ao Correio do Estado.
A TransAmericana vai ligar o porto da cidade de Ilo, no Peru, ao Porto de Santos (SP), passando por Mato Grosso do Sul e utilizando parte dos trilhos da Malha Oeste, pelos municípios de Corumbá, Campo Grande, Ponta Porã e Três Lagoas.
Contudo, esta proposta, que depende de investimento de R$ 2 bilhões, está parada há oito meses no governo federal e nem sequer foi incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) ou no PNL, que define as diretrizes dos vários modais de transporte de carga até 2025.
Apesar do descaso da União em relação à TransAmericana, o presidente da Rumo permanece confiante e inclusive aposta que, até o fim do ano, haverá projeções mais concretas.
“É um projeto extremamente audacioso, importante para os vários países que estão nesse luta. Estamos em um processo de desenvolvimento de busca, temos interesses do governo alemão nesse projeto, do governo austríaco. É difícil dizer uma data, mas provavelmente até o fim deste ano a gente já deve ter alguns protocolos assinados com compromissos mais firmes do início de operação das obras”.
Já o titular da secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de MS (Semagro), Jaime Verruck, não crava datas, mas afirma que o debate está ocorrendo.
“Tivemos uma reunião em Brasília, junto do Ministério das Relações Exteriores, Receita Federal, com os bolivianos. A gente entende que é uma ferrovia diferente, vai precisar pegar carga em vários pontos, não é uma ferrovia ponto a ponto. Dia 30 e 31, em Corumbá, a gente vai fazer uma nova reunião com os bolivianos”, adianta. “O que a gente precisa hoje? Que a Agência Nacional de Transportes Terrestres libere a ampliação de concessão para mais 30 anos e a gente continuar atrás de novos investidores”, justifica.
PROBLEMA
Sem uma ferrovia de qualidade cortando Mato Grosso do Sul para o escoamento da produção, a maioria das empresas precisam transportar seus produtos por rodovias ou hidrovias, enquanto aguardam novos investimentos pelo governo do Estado.
Na semana passada, o terminal ferroviário de Chapadão do Sul foi inaugurado com reforma e ampliação de sua capacidade. Porém, apesar do investimento de R$ 27 milhões, a maior parte da extensão ferroviária de MS continua ociosa e sem utilidade para o setor industrial da região.
Este problema logístico se tornou ainda mais evidente durante a paralisação dos caminhoneiros em maio, já que, com as rodovias fechadas e os caminhões parados, não havia alternativa viável para transporte de cargas.
De acordo com o presidente da Rumo, o estado sul-mato-grossense é considerado uma prioridade para o escoamento da produção. Mas, por enquanto, a renovação da concessão da Rumo é a principal preocupação.
“Na Malha Norte, precisamos rapidamente finalizar o processo de renovação da concessão e temos um comprometimento de investimento por conta da renovação, que são investimentos que vão dobrar a capacidade da malha”, promete.
Fonte: Correio do Estado
Foto: Valdenir Rezende