Denunciada pelo Ministério Público Estadual na semana passada, Fernanda Aparecida da Silva Silvério, suspeita do assassinato do empresário e advogado Daniel Nantes Abuchaim, ocorrido no dia 19 de novembro, em um motel na região do Jardim Noroeste, em Campo Grande, disse que o homicídio foi executado por um homem que cobrava pagamento de cheques. Depoimentos de familiares apontam que a vítima passava por dificuldades financeiras, motivo pelo qual a Polícia Civil, diante deste contexto, não descarta a possibilidade de que o crime esteja ligado a agiotagem.
Conforme a denúncia, na data dos fatos, Fernanda se encontrou com Abuchaim na casa dele e seguiu para o motel. Ela conduzia uma Mitsubishi Pajero de familiares. Chegando ao local, a vítima foi tomar banho e ela ficou na caminhonete, sob justificativa de que gostaria de manter relações sexuais no veículo. Quando Abuchaim voltou, ela subiu sobre ele e passou a esfaqueá-lo. Em seguida, deixou o estabelecimento com a vítima no carro e jogou o corpo às margens de uma rua que dá acesso à Rua Desembargador Leão Neto do Carmo, na região do Parque dos Poderes.
Presa, Fernanda alegou inicialmente em depoimento que agiu por vingança, pois supostamente vinha sendo assediada, juntamente com a esposa, pelo empresário. Entretanto, mudou versão dos fatos e anunciou a presença de outra pessoa no motel que teria, de fato, assassinado Abuchaim enquanto lhe cobrava explicações sobre cheques e outros valores. Ela afirmou desconhecer tal indivíduo, mas disse que seria um homem negro, magro e alto, e que não viu o rosto porque ele usava capuz. A mulher declarou ainda que assumiu o crime porque vinha recebendo ameaças.
Com base nesta nova versão, logo ao sair da casa de Abuchaim, eles pararam em um via, oportunidade em que este homem desconhecido embarcou no banco dos passageiros. Armado, ele passou a chamar a vítima pelo nome e a fazer ameaças, ordenando que seguissem para o motel. O empresário o chamou pelo nome de Marcelo, dando a entender que ambos já se conheciam. Chegando no motel, o suspeito foi para o porta-malas e ordenou que eles pegassem um quarto. Já no quarto, fechou todas as portas e exigiu que ligassem o som bem alto para que funcionários não desconfiassem.
Fernanda disse ter visto quando eles começaram a discutir sobre dinheiro e cheques. Momentos depois, flagrou o homem colocando uma toalha sobre o rosto da vítima, logo após tê-la estrangulado e esfaqueado. O suspeito ainda a ameaçou dizendo que a mataria caso ela relatasse o ocorrido. As análises periciais constataram que Abuchaim morreu dentro do banheiro e não no carro, como a mulher havia alegando inicialmente. Além disso, ele tinha cerca de 1,80 de altura e mais de 100 quilos, motivo pelo qual ela não teria força para arrastar o corpo sem a ajuda de outra pessoa.
AGIOTAGEM
Familiares disseram à polícia em depoimento que Daniel passava por dificuldades financeiras. A empresa de pescados dele, Empório Arrecifes, não estava dando o lucro esperado, o que o levou a beber de forma constante e a tomar calmantes. Além disso, ele não poderia ser agiota, já que sua situação não permitia, no entanto, tinha bens que planejava vender, mas estavam bloqueados em razão de várias ações judiciais. O homem chegou a retirar os filhos da escola particular, por não ter condições bancar as mensalidades. As crianças passaram a estudar em instituições públicas.
Uma ex-namorada também confirmou que ele não estava bem financeiramente por causa do baixo movimento na empresa e que ele esperava a venda de uma casa no Damha, que o ajudaria a se livrar das dívidas. Durante o velório, ela ouviu de um amigo que Abuchaim negocia o imóvel por aproximadamente R$ 3 milhões. Tais alegações, junto com o novo depoimento de Fernanda, reforçam a suspeita de que ele possa ter sido vítima de um acerto de contas de agiotas. O caso é investigado pelo delegado Geraldo Marim Barbosa, da 3ª Delegacia de Polícia Civil da Capital.
AUDIÊNCIA
A 2ª Vara do Tribunal do Júri agendou para o dia 12 de fevereiro a primeira audiência, de acusação, sobre o caso. Na ocasião, Fernanda irá prestar depoimento às 13h30, no Fórum da Capital.
Fonte: Correio do Estado
Foto: Reprodução
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